“Houve uma fase de minha vida em que eu literalmente vivia por meio de uma câmera.”
Cara Delevingne, uma confusão autoconfiante de braços e pernas magros, cabelos despenteados, tatuagens e jeans pretos rasgados, arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos, descrevendo com animação seu hábito de registrar em vídeo sua própria ascensão meteórica.
“Ver Lars Ulrich tocar num show do Metallica, eu estando atrás da bateria! Tomar doses de tequila com Whitney Houston logo antes de ela morrer! Quando eu for mais velha, vou olhar todos esses vídeos e curtir muito, porque provavelmente já não vou lembrar de muita coisa.”
Hoje a supermodelo Delevingne, que com 22 anos é a “it girl” britânica reinante, está hasteando a bandeira do Reino Unido em Hollywood em “Cidades de Papel”. É o segundo filme criado a partir de um romance de John Green. Outra adaptação, “A Culpa é das Estrelas”, virou sucesso mundial e arrecadou US$ 300 milhões. “Cidades de Papel” está sendo lançado mundialmente.
Não é preciso ser um dos mais de 15 milhões de seguidores de Delevingne no Twitter para entender porque ela foi uma boa escolha para o papel da adolescente rebelde Margo Roth Spiegelman.
Em “Cidades de Papel”, a personagem é descrita por seu vizinho e admirador como “possivelmente a criatura mais deslumbrante que Deus já criou”, uma garota “cuja vida é uma série de aventuras inacreditavelmente épicas”. Cara Delevingne é modelo da Burberry e de outras grifes, já foi “angel” da Victoria’s Secret e estampou a capa da edição de julho da “Vogue”.
O crítico Justin Chang, da “Variety”, já se desdobrou em elogios, dizendo que Delevingne é “o verdadeiro achado do filme” e que “a julgar por seu trabalho neste filme, esta atriz marcante chegou para ficar”.
O criador de Margo, John Green, escreveu em e-mail que a atriz “capta a desconexão” entre a imagem que Quentin —o vizinho representado por Nat Wolff—tem de Margo e a imagem que a própria Margo tem de si.
“Ela entende melhor do que ninguém como é ter pessoas olhando para você e pensando que a conhecem, quando na realidade quase ninguém a está ouvindo de fato”, explicou.
Cara Delevingne cresceu em uma família londrina privilegiada, mas longe de perfeita.
Joan Collins é sua madrinha. Seu pai, Charles, é incorporador imobiliário, e sua mãe, Pandora, está escrevendo um livro de memórias sobre a dependência que teve de heroína durante anos.
“Fiz muita terapia quando era menina e odiava. Você se acostuma a repetir a mesma coisa inúmeras vezes, até que vira uma história”, comentou Delevingne. “Eu sempre quis ser atriz, desde que tinha quatro anos. Quando eu era mais nova eu me odiava, então preferia ser outras pessoas.”
Ela estreou como modelo com uma sessão de fotos para a “Vogue” italiana com Bruce Weber em 2003, aos dez anos de idade, assinou contrato com a prestigiosa agência de modelos Storm em 2009 e levou para casa o troféu de Modelo do Ano nos British Fashion Awards em 2012 e 2014. Apesar disso, ser modelo nunca foi seu sonho, disse.
Em seu primeiro papel no cinema, como princesa em “Anna Karenina” (2012), ela passou horas arrumando cabelos e maquiagem para a tomada.
“Então o diretor chegou e disse: ‘Pare de ser modelo. Pare de tentar ficar linda.’”
Delevingne teve papéis coadjuvantes em “London Fields”, “Peter Pan”, “The Face of an Angel”, “Tulip Fever” e “Kids in Love”.
Seu próximo papel principal será na ficção científica de Luc Besson “Valerian”. Recentemente, ela representou a vilã Magia na superprodução o “Esquadrão Suicida”, de David Ayers para a DC Comics, a ser lançada em 2016.
Neste mês, Delevingne formalizou seu afastamento da moda, rompendo seu contrato com a Storm Model Management. Ela vai continuar a fazer trabalhos seletivos como modelo. “Adoro dizer ‘não’”, comentou. “Antes eu não gostava, e isso cobrou um preço enorme de minha saúde.”
Ela disse que gostaria de seguir o exemplo de Charlize Theron, que também começou sua carreira como modelo. “As pessoas podem me colocar na caixinha que quiserem: modelo ou qualquer outra. Mas se eu seguir adiante e fizer um bom trabalho, algo que espero fazer, então espero que me deem mais filmes para fazer —e que eu ganhe um Oscar!”
Com isso, ela sorriu serenamente. Depois reclinou-se para trás e mostrou a língua.
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