O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu neste domingo (20)em entrevistas a cinco redes de televisão do país sua proposta de reforma do sistema de saúde norte-americano. O objetivo: ganhar apoio público para essa que é sua atual prioridade e cujo destino está nas mãos de um Senado profundamente dividido.
Obama tornou-se o primeiro presidente a aparecer em cinco talk shows ao mesmo tempo, na manhã deste domingo; um esforço extraordinário para defender suas propostas, que estão sob intenso ataque do Partido Republicano. Ele falou aos programas "This Week", com George Stephanopoulos, da rede ABC; "Meet the Press," da NBC; "Face the Nation," da CBS; "State of the Union", da CNN e "Al Punto", do canal em língua espanhola Univisión. A Fox News Channel, que Obama acusou no início deste ano de estar "inteiramente devotada a atacar minha administração", ficou fora da lista.
As entrevistas foram gravadas na sexta-feira, na Casa Branca. Obama também irá ao programa de David Letterman nesta segunda-feira (21), marcando a primeira vez que um presidente norte-americano vai ao programa "Late Show". Tudo isso porque na terça-feira os membros do Comitê de Finanças do Senado começam a votar sua versão do projeto de reforma do sistema de saúde.
Nos programas, Obama tentou amenizar as críticas a um ponto-chave do projeto de lei redigido pelo presidente do Comitê de Finanças do Senado, Max Baucus: fazer com que as pessoas que têm seguro-saúde compartilhem os custos de forma justa entre todos. Para os detratores da proposta, obrigar as pessoas a comprar seguro-saúde é, no fundo, o mesmo que pagar mais um imposto. Mas Obama comparou a medida à aquela que manda todos os donos de carro comprarem seguro de automóvel. "Não é imposto."
O presidente norte-americano argumentou que a proposta não quebra sua promessa de campanha de não aumentar a carga tributária da classe média. "Para nós, dizer que você tem a responsabilidade de comprar um seguro de saúde não é absolutamente o mesmo que pagar impostos", disse ao programa "This Week", da ABC. Ele também repetiu seu argumento de que dois terços do custo do sistema, de US$ 900 bilhões, seriam cobertos com o corte de desperdícios existentes no atual programa.
Na Univisión, Obama concordou que "há preocupações legítimas a respeito de que essa é uma grande questão", mas expressou confiança de que o projeto de lei vai ser aprovado pelo Congresso.
Os democratas estão decepcionados com a proposta de lei do presidente do comitê, senador Max Baucus, de Montana, e os republicanos vêm uma chance de dar um golpe duro que poderia enfraquecer a presidência do parlamentar. O comitê, com 23 membros, é um microcosmo dentro do Senado, uma porta estreita por onde tem que passar uma legislação que cubra quase 50 milhões de norte-americanos que não possuem seguro saúde e ainda controle os custos do sistema. Se o comitê não chegar a um acordo, então a possibilidade de Obama e dos democratas aprovarem a lei neste ano será remota.
Obama tratou de outros assuntos além da reforma do sistema de saúde. Para o "Face the Nation", da CBS, ele mais uma vez minimizou a declaração do ex-presidente Jimmy Carter de que as críticas a seu governo são alimentadas pelo racismo. Obama disse que algumas pessoas podem não gostar dele por causa da cor da pele, mas o debate filosófico sobre o papel do governo foi além desse ponto e se tornou algo raivoso. "Todo presidente que tentou realizar grandes mudanças recebeu as respostas mais passionais", contemporizou.
No que pareceu ser uma crítica à imprensa, o presidente dos EUA observou que um fator que tem contribuído para o recente rancor público contra seu governo são as redes de TV a cabo e blogs ansiosos por alimentar um ciclo incessante de notícias que geram conflito. "Uma maneira fácil de ganhar 15 minutos de fama é ser rude com alguém", disse à CBS.
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