O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, participará da cúpula do grupo Brics, que começou nesta terça-feira (22) em Kazan, na Rússia, e se reunirá com o ditador do país, Vladimir Putin, confirmou seu porta-voz adjunto, Farhan Haq.
Haq disse hoje que Guterres irá a Kazan - ele não especificou o horário da viagem - “como fez anteriormente na [cúpula anterior do grupo na] África do Sul, como sempre foi seu costume ao participar de reuniões de organizações com um grande número de Estados-membros importantes, como G7 e G20”.
Ele acrescentou que as nações dos Brics “representam quase metade da humanidade” e, portanto, a cúpula “é de grande importância para o trabalho da ONU com os países-membros” dessa organização.
A pergunta sobre a presença de Guterres em um fórum organizado por Putin foi feita repetidamente ao porta-voz nos últimos dias, sem resposta, e hoje Haq justificou o que parece ser uma decisão de última hora pelo fato de que Guterres “tinha muitas frentes para atender”. Ele está em Adis Abeba, na Etiópia, desde domingo (20) para a cúpula da União Africana.
Haq também confirmou que Guterres se reunirá com Putin, assim como com outros líderes presentes na cúpula, dependendo de sua disponibilidade, já que esse é “um dos principais motivos de sua presença”.
O porta-voz declarou que Guterres deve destacar a Putin “sua conhecida posição sobre a guerra na Ucrânia e as condições para uma paz justa baseada na carta fundadora da ONU e nas resoluções do órgão”, referindo-se à integridade territorial e à soberania da Ucrânia.
Na segunda-feira (21), depois que o Kremlin anunciou que Guterres se encontraria na quinta-feira (24) com Putin na Rússia numa reunião paralela à cúpula dos Brics, o secretário-geral da ONU foi alvo de críticas da imprensa internacional e da Ucrânia.
Kiev lembrou que Guterres recusou o convite da Ucrânia para a primeira Cúpula Global da Paz, realizada na Suíça em junho, mas “aceitou o convite para ir a Kazan feito pelo criminoso de guerra Putin”, o que, segundo o governo ucraniano, “fere a reputação da ONU”.
Em abril de 2022, pouco após a invasão russa à Ucrânia, Guterres já havia se encontrado com Putin na Rússia, quando ambos discutiram assistência humanitária e a evacuação de civis das zonas de conflito.
Neste momento, entretanto, sua visita é considerada uma forma de legitimar o ditador russo, que tenta justamente com a cúpula dos Brics mostrar que não está isolado na comunidade internacional.
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