A oposição da Geórgia denunciou fraude e reivindicou que seja anulada a eleição parlamentar realizada no país do leste europeu no último sábado (26).
De acordo com os resultados oficiais, o partido pró-Rússia Sonho Georgiano, do premiê Irakli Kobakhidz, obteve quase 54% dos votos e conquistou 89 das 150 cadeiras do Parlamento.
A oposição alega interferência da Rússia no processo eleitoral e que o sistema eletrônico de votação, utilizado pela primeira vez no país, pode ter alterado significativamente os resultados.
Segundo informações da agência georgiana InterPressNews, a votação eletrônica foi implementada em 2.263 das 3.031 seções eleitorais do país.
No caso, as urnas eletrônicas utilizadas não são como as do Brasil, onde o eleitor digita o número do candidato num teclado, verifica o nome do escolhido na tela e aperta um botão para confirmar.
Na tecnologia usada na Geórgia, os eleitores votam preenchendo um círculo com o nome do seu candidato numa cédula de papel com uma caneta especial. Depois, a cédula, do tamanho de uma folha de papel A4, é colocada num envelope especial, para que as outras pessoas presentes à seção eleitoral não vejam em quem o eleitor votou. A última etapa é inserir o envelope num dispositivo eletrônico, semelhante a uma impressora, que conta os votos.
Porém, a presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, independente e de oposição ao Sonho Georgiano, disse que o direito de votar de forma secreta foi violado em todas as seções eleitorais com urna eletrônica, por isso, o processo deve ser anulado.
Ela relatou nesta quarta-feira (30) que mais de mil pedidos de anulação de votos em 246 seções eleitorais já foram encaminhados à Comissão Eleitoral Central (CEC) do país.
As autoridades eleitorais apresentaram um relatório sobre a recontagem manual de votos em 366 seções após alegações de fraude.
Em 334 seções eleitorais, os resultados permaneceram inalterados, enquanto em outras 32 houve “mudanças insignificantes”, de acordo com a CEC.
Zurabishvili foi convocada pelo Ministério Público a prestar depoimento devido às denúncias de fraude, mas anunciou nesta quarta-feira que não tem planos de depor.
“Que cada um faça o que lhe cabe e não acerte contas políticas com a presidente. Deixem a promotoria fazer seu trabalho e eu farei o meu. Não tenho medo”, disse em entrevista coletiva.
Ela pediu aos promotores georgianos que também convoquem o alto representante da União Europeia para Assuntos Externos e Política de Segurança, Josep Borrell, “que também disse ter informações sobre graves violações nas eleições da Geórgia”.
“As violações e falsificações foram sistemáticas. As eleições foram maciçamente fraudadas de todas as formas possíveis e impossíveis”, enfatizou a presidente.
A advogada Irma Chkadua disse à Agência EFE que as autoridades judiciais podem forçar a presidente a depor devido à gravidade das acusações feitas.
As quatro coalizões de oposição que conseguiram cadeiras no Parlamento alegaram fraude nas eleições e disseram que vão boicotar a formação do Legislativo.
A União Europeia e os Estados Unidos pediram às autoridades que investiguem as acusações de irregularidades supostamente cometidas durante a votação e a apuração no país.
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