A política antichavista María Corina Machado declarou nesta terça-feira (4) que a sua inelegibilidade para cargos públicos por 15 anos, decretada na semana passada, se voltará contra o regime do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
"Muito mais que inútil, essa suposta inelegibilidade política é um grande erro. Isso se tornará um verdadeiro bumerangue contra o regime", disse a política, em entrevista coletiva concedida quatro dias depois de a Controladoria-Geral venezuelana anunciar medidas administrativas contra ela.
Na última sexta-feira (30), por meio do deputado dissidente José Brito, que faz parte da oposição, a Controladoria-Geral divulgou a inelegibilidade de Machado, que já havia sido sancionada em 2015 com a mesma medida, mas pelo período de um ano. A oposicionista é acusada de “cometer irregularidades administrativas na declaração de patrimônio”.
Machado disse que a decisão do regime venezuelano pela sua inelegibilidade conseguiu fazer com que "as primárias não sejam apenas uma disputa entre candidatos ou partidos venezuelanos de diferentes visões”, mas também transformou a disputa nesse momento na “primeira etapa da derrota de Maduro".
Segundo a oposicionista, a decisão cria um "componente de desafio" ao processo eleitoral interno da oposição, previsto para acontecer em 22 de outubro, quando serão escolhidos, entre 13 candidatos, quem enfrentará o chavismo nas eleições presidenciais do próximo ano.
Machado aproveitou para deixar uma mensagem ao ditador venezuelano.
"Nicolás Maduro: não é você quem vai escolher o candidato que irá te enfrentar e te derrotar nas eleições presidenciais de 2024. Esse candidato será escolhido pelo povo da Venezuela, em 22 de outubro, nas eleições primárias", garantiu.
Além disso, Machado fez um apelo à comunidade internacional, para que se prepare para "a derrota de Nicolás Maduro e o início de uma transição democrática no país".
Presidente do Paraguai denuncia "restrições políticas" na Venezuela
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, denunciou nesta terça-feira na Cúpula do Mercosul as "restrições políticas" que se sucedem na Venezuela e citou a recente inabilitação eleitoral de María Corina Machado.
Ao participar da cúpula semestral dos chefes de Estado do Mercosul, que acontece na cidade argentina de Puerto Iguazú, Abdo Benítez disse que acompanha "com muita preocupação" os últimos acontecimentos no regime de Maduro.
"Quando aparece um caminho de saída, um itinerário de esperança com a realização de eleições com a oposição, rapidamente vimos essa ilusão se extinguir com a inabilitação de María Corina Machado", lamentou Abdo Benítez, em sua última participação em uma cúpula do Mercosul, antes de deixar o Executivo de seu país no próximo dia15 de agosto.
O presidente paraguaio destacou que a inabilitação de Machado "é um fato que choca frontal e escandalosamente com a letra clara dos direitos humanos".
“As restrições aos direitos políticos por vias administrativas devem ser sempre vistas com desconfiança e consideradas juridicamente inválidas”, ponderou.
"Hoje vemos uma violação dos direitos do povo venezuelano, de María Corina Machado, que atacam o nervo da democracia venezuelana. O Paraguai não está interessado em de que força, política ou cor são os presidentes de seus parceiros, desde que tenham sido eleitos por seus cidadãos", acrescentou Abdo Benítez, que participou da reunião junto com o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, que tomará posse em agosto.
Em 2012, a Venezuela concluiu o processo de adesão ao Mercosul como Estado-parte, mas em 2017 o bloco suspendeu sua participação, alegando uma "ruptura da ordem democrática" por parte do regime de Nicolás Maduro.
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