Um grupo de opositores da Venezuela exilados na Espanha apresentou uma queixa na Audiência Nacional, tribunal superior do país europeu, contra o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo espanhol (2004-2011), acusando-o de crimes associados às suas relações com a ditadura de Nicolás Maduro.
Segundo informações do jornal espanhol El Debate, Zapatero foi acusado na ação de crimes contra a humanidade e a integridade moral e tortura. O caso foi distribuído para o juiz Ismael Moreno, que avaliará se dará sequência ao processo.
Zapatero tem relações de longa data com a ditadura de Maduro – ele estabeleceu contratos com o regime de Hugo Chávez quando era chefe de governo na Espanha, criticou sanções impostas à Venezuela, intermediou a saída de presos políticos para outros países e referendou processos eleitorais venezuelanos, atuando como observador, embora não tenha feito o mesmo na eleição presidencial de 28 de julho, o que desagradou o chavismo.
Recentemente, foi apontado que Zapatero teria intermediado as negociações entre a ditadura da Venezuela e a gestão do presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, para que o oposicionista Edmundo González viajasse para receber asilo político no país europeu na semana passada.
Segundo o El Debate, na denúncia, os opositores venezuelanos sustentam que, embora Zapatero “tenha se apresentado em 2014” como mediador entre o regime chavista e a oposição, na verdade ele teria atuado como “lobista do regime bolivariano no contexto internacional”, segundo termo usado pelo ex-presidente socialista Felipe González (1982-1996).
“Em muitas ocasiões, o senhor José Luis Rodríguez Zapatero foi fotografado, demonstrando um estado de satisfação incomensurável, na companhia do senhor Nicolás Maduro Moro, a quem, como exposto anteriormente, as autoridades dos Estados Unidos atribuem a condição de responsável máximo pela organização criminosa conhecida como Cartel dos Soles”, acrescentou a denúncia.
Em agosto, o sindicato conservador espanhol Mãos Limpas apresentou uma denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Zapatero, acusando-o de crimes contra a humanidade devido à sua relação com Maduro e citando supostos negócios do ex-presidente na Venezuela, como a concessão de uma mina de ouro – que ele nega.
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