O Royal College of Nursing do Reino Unido atualizou sua orientação para permitir que os profissionais médicos se recusem a tratar pacientes considerados racistas, uma resposta aos violentos tumultos que ocorreram no país nas últimas duas semanas.
Os tumultos foram estimulados por um ataque com faca no final de julho que matou três meninas em uma festa. O agressor era um adolescente cujos pais são imigrantes ruandeses.
"Essas cenas em todo o país são nada menos que racismo desprezível - elas não têm lugar em nossa sociedade", disse a secretária-geral e executiva-chefe do Royal College of Nursing, Nicola Ranger, em um comunicado à imprensa. "Como uma organização antirracista, [Royal College of Nursing] assumirá um papel de liderança no combate a esse ódio."
O Royal College of Nursing é um órgão profissional e sindicato para equipes médicas com mais de 500 mil membros - incluindo enfermeiras, parteiras, assistentes e estudantes - em 12 países e regiões. A orientação atualizada reconhece "comportamento discriminatório, incluindo racismo" como uma situação que "pode justificar" a retirada de cuidados ou a recusa em tratar um paciente.
Um exemplo de "discriminação", de acordo com um site do Royal College of Nursing, são as "piadas racistas". Outros casos em que o Royal College of Nursing permite a negação de atendimento incluem a falta de equipamento ou treinamento apropriado.
“Membros da equipe de enfermagem migrante são preciosos em nossas comunidades, incorporados ao próprio DNA dos nossos serviços de saúde e cuidados”, disse Ranger no comunicado à imprensa. “Nossos colegas internacionais são bem-vindos, valorizados e merecem nossa gratidão.”
A orientação foi atualizada no dia em que o secretário de saúde Wes Streeting condenou o "banditismo estúpido de agitadores de extrema-direita em nosso país" e sugeriu que os pacientes que apresentem "abuso racista" deveriam ser rejeitados.
"Não tolerarei, sob nenhuma circunstância, que o NHS [sigla para Serviço Nacional de Saúde] ou a equipe de assistência social em qualquer ambiente de saúde ou assistência sejam submetidos a intimidação, assédio ou abuso racista", disse Streeting, acrescentando que "as pessoas que estão abusando da equipe do NHS podem ser rejeitadas, e devem ser rejeitadas, se é assim que estão tratando nossa equipe".
Ele fez os comentários depois que manifestantes atiraram pedras em dois táxis, cada um carregando uma enfermeira filipina a caminho do serviço de emergência em um local de protesto em Sunderland, de acordo com o Nursing Times.
A nova orientação de recusa de cuidados pode contradizer as políticas declaradas anteriormente do Royal College of Nursing. A organização reconhece "Igualdade, Diversidade e Inclusão" como um "princípio de enfermagem", afirmando que a equipe "presta cuidados compassivos reconhecendo a diversidade de cada pessoa e suas necessidades culturais".
O documento da organização intitulado "Direitos Humanos e Enfermagem" afirma que "a primeira prioridade dos enfermeiros e suas equipes é o cuidado de seus pacientes". O documento também expressa que a organização "apoia fortemente os ideais e princípios" da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma no Artigo 25 que "Toda pessoa tem direito a um padrão de vida adequado à saúde e ao bem-estar próprio e de sua família, incluindo assistência médica e serviços sociais necessários e o direito à segurança em caso de doença".
Recusar-se a tratar pacientes que exibem conduta racista não é a primeira política "antirracista" que o Royal College of Nursing adotou. Em abril, o órgão realizou sua primeira "cúpula antirracismo" que se concentrou no "plano de transformá-lo em uma organização antirracista".
Em maio, o Royal College of Nursing lançou uma "Estratégia de Equidade, Diversidade e Inclusão do Grupo" que se comprometeu a fornecer "aprendizado e desenvolvimento obrigatórios" para representantes credenciados para "aprimorar seu conhecimento e compreensão da agenda DEI de forma mais ampla, incluindo interseccionalidade e antirracismo".
A organização possui o “Inclusion Café” [Café da Inclusão], um recurso projetado para “desenvolver, buscar e compartilhar ferramentas e técnicas que ajudem a apoiar nossa própria liderança e accountability [termo usado na administração para responsabilidade e prestação de contas] na criação de culturas de trabalho inclusivas”. Em suas diretrizes sobre “civilidade no local de trabalho”, o Café afirma que “formas sutis” de “incivilidade” incluem “microagressões, como ‘olhares de desprezo’, ser interrompido desnecessariamente, não ser ouvido ou ser tratado com um tom paternalista ou condescendente.”
O Royal College of Nursing não respondeu a um pedido de comentário da National Review.
Tumultos violentos eclodiram no Reino Unido depois que as autoridades disseram que Axel Muganwa Rudakubana, de 17 anos, nascido no Reino Unido, filho de imigrantes cristãos de Ruanda, cometeu um ataque com faca em 29 de julho em uma festa com tema de Taylor Swift em Southport. O agressor matou três meninas com menos de dez anos e feriu dois adultos e outras oito crianças.
O nome de Muganwa Rudakubana não foi divulgado ao público porque ele tinha menos de 18 anos, o que levou à especulação de que ele era um terrorista muçulmano, provocando protestos violentos contra a imigração que resultaram em danos a mesquitas, hotéis que abrigam requerentes de asilo e propriedades.
Os contra-protestos foram igualmente violentos e confrontos perigosos entre os dois grupos ocorreram. A BBC informou em 4 de agosto que cerca de 300 pessoas mascaradas chegaram gritando "Allahu Akbar" [expressão em árabe que significa “Alá é Grande”] em resposta a um protesto pacífico anti-imigração com bandeiras inglesas em Bolton. Embora os dois grupos tenham sido separados pela polícia, os manifestantes jogaram objetos e lançaram fogos de artifício uns nos outros.
O Telegraph informou que, em Birmingham, um grupo de muçulmanos mascarados com bandeiras palestinas atacou um pub com mísseis e agrediu um homem, deixando-o com um fígado perfurado.
Mais de 900 pessoas foram presas pelos tumultos e mais de 100 policiais ficaram feridos.
"Qualquer que seja a motivação aparente, isso não é protesto, isso é pura violência e não toleraremos ataques a mesquitas ou nossas comunidades muçulmanas", disse o primeiro-ministro Keir Starmer, que também condenou os distúrbios como "banditismo de extrema direita".
Em 2020, Starmer expressou apoio ao Black Lives Matter e compartilhou uma foto dele se ajoelhando no Parlamento com a legenda "Nós nos ajoelhamos com todos aqueles que se opõem ao racismo antinegro".
© National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: UK Nursing Organization Allows Members to Refuse Treatment for Racist Patients | National Review
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