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O presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, propôs nesta segunda-feira a doadores internacionais a criação de um programa assistencial de 10 bilhões de dólares e cinco anos para o vizinho Haiti, devastado por um terremoto na semana passada.

Enquanto as tarefas humanitárias prosseguem em Porto Príncipe, doadores realizaram uma conferência preliminar em Santo Domingo para tentar avaliar o custo da recuperação do Haiti em longo prazo.

"O Haiti precisará de um plano integral de desenvolvimento de cerca de 2 bilhões de dólares por ano (...). Estaríamos falando em um programa de cinco anos com cerca de 10 bilhões de dólares", disse Fernández a representantes de governos estrangeiros e instituições financeiras internacionais.

Ele acrescentou que o perdão a dívidas haitianas deveria ser parte de qualquer programa assistencial ao país caribenho, que mesmo antes do terremoto já era o mais pobre das Américas.

Governos e instituições já fazem ofertas de ajuda financeira. Instituições e países participantes da União Europeia prometeram mais de 400 milhões de euros (575,6 milhões de dólares) em assistência emergencial e de longo prazo.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento propôs um programa que incluiria o perdão de uma dívida de 480 milhões de dólares e a liberação de outros 444 milhões em empréstimos e doações, segundo Manuel Labrado, representante do BID em Santo Domingo.

Falando no mesmo evento, o presidente haitiano, René Préval, fez um apelo aos doadores internacionais para que foquem não só a ajuda imediata, mas também as necessidades de longo prazo do seu país.

"Não podemos só curar as feridas do terremoto, precisamos desenvolver a economia, a agricultura, a educação e a saúde, e reforçar as instituições democráticas", afirmou.

As autoridades estimam que o terremoto de terça-feira tenha matado até 200 mil pessoas, e que três quartos de Porto Príncipe precisarão ser reconstruídos. A Cruz Vermelha local calcula que 3 milhões dos 9 milhões de haitianos tenham ficado feridos ou desabrigados.

Fernández, que foi o primeiro dignitário estrangeiro a visitar o Haiti depois do sismo, disse ter proposto a realização no seu país, em abril, de uma nova conferência internacional de doadores para coordenar as contribuições e as estratégias para a recuperação haitiana.

Antes disso, o Canadá promoverá em 25 de janeiro um encontro de chanceleres em Montreal para preparar uma grande reunião de doadores. Entre os participantes esperados estão EUA e vários países latino-americanos, reunidos num grupo informal chamado "Amigos do Haiti".

Préval lembrou que seu país já estava em situação difícil antes do terremoto, por causa das várias décadas sucessivas de turbulências políticas, conflitos, miséria e desastres naturais, como inundações e deslizamentos.

Fernández disse que a estabilidade política no Haiti será fundamental para qualquer programa de recuperação. "Isso só pode ser alcançado com a aplicação de medidas que fortaleçam o estado de direito no Haiti e garantam a segurança interna", afirmou.

O presidente dominicano disse que a iniciativa terá de incluir a reconstrução e melhoria de pontes, estradas, escolas, hospitais, portos, aeroportos, redes elétricas, telecomunicações e setor turístico.

"O Haiti é um país que, com a ajuda da comunidade internacional, pode perfeitamente bem se desenvolver, se reconstruir e se modernizar," declarou.

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