Em um pronunciamento feito logo após a oração do Angelus neste domingo (25), o Papa Francisco expressou sua preocupação com a decisão tomada pela Ucrânia de proibir a Igreja Ortodoxa Russa de seu território. A decisão foi tomada nesta semana pelo parlamento em Kiev, e abre caminho para uma possível ilegalização das atividades da Igreja Ortodoxa subordinada a Moscou.
Francisco citou a aprovação da lei que deu um prazo de nove meses para que os templos religiosos localizados na Ucrânia cortem laços com a Igreja Ortodoxa Russa. O Santo Padre se disse triste com os combates que persistem entre os dois países e reforçou um temor por ataques contra a liberdade dos fiéis.
“Quem reza de verdade sempre reza por todos. Não se comete o mal porque se reza. Se alguém comete um mal contra o seu povo, será culpado por isso, mas não pode ter cometido o mal porque rezou. Então, que aqueles que quiserem rezar tenham permissão para rezar naquela que consideram a sua Igreja. Por favor, que nenhuma Igreja cristã seja abolida direta ou indiretamente: as igrejas não devem ser tocadas”, afirmou o sumo pontífice.
Igreja Ortodoxa Russa não condenou a invasão da Ucrânia pelo exército de Putin
A lei “sobre a proteção da ordem constitucional no âmbito das atividades das organizações religiosas” foi aprovada com os votos a favor de 265 deputados. “Uma votação histórica! Esta é uma questão de segurança nacional e não de religião”, disse a parlamentar Irina Gerashchenko.
A lei entrará em vigor 30 dias depois de o Parlamento tornar o texto público e dará às paróquias do Patriarcado de Moscou nove meses para cortar laços com a Igreja Ortodoxa Russa, explicou o parlamentar ucraniano Yaroslav Zhelezniak.
O Conselho Panucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas também informou no último dia 17 de agosto que respaldava a lei.
A Igreja Ortodoxa ucraniana do Patriarcado de Moscou tinha mais de 8,5 mil paróquias na Ucrânia no início de 2022, embora após a invasão russa cerca de 600 tenham sido subordinadas à Igreja Ortodoxa ucraniana que emergiu da unificação da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Kiev e da Igreja Ortodoxa ucraniana autocéfala.
A Igreja subordinada ao Patriarcado de Moscou foi acusada de não ter condenado em termos inequívocos a invasão, de não ter cortado completamente os seus laços com a Rússia e de cooperar com as autoridades de ocupação nos territórios conquistados pela Rússia.
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