O governo do Paquistão vai contestar dois processos abertos nos Estados Unidos que ligam sua agência de espionagem e seu diretor aos ataques de 2008 realizados em Mumbai, na Índia. O comunicado do governo mostra a sensibilidade do país à acusação de que seus agentes estiveram envolvidos nos atentados que mataram 166 pessoas, mas também pode ser uma evidência da pressão exercida pela agência de espionagem sobre o fraco governo civil do país.
Aparentemente, o objetivo da manifestação paquistanesa é conseguir o encerramento do processo, que já havia elevado as tensões entre os dois países. Os Estados Unidos dependem da cooperação paquistanesa para lutar contra o Taleban na região de fronteira com o Afeganistão, aliança que pode ser prejudicada com desentendimentos desse tipo.
Os processos foram abertos em novembro em Nova York por um grupo que inclui parentes das vítimas dos ataques em Mumbai. O processo apresenta as acusações sobre a participação do ISI, o serviço secreto paquistanês nos ataques, que teria "ajudado a desenvolver e usado grupos terroristas internacionais", dentre eles o Lashkar-e-Taiba.
"O réu ISI forneceu planejamento, apoio material, controle e coordenação para os ataques", diz o processo, que também acusa o diretor da agência de espionagem, general Ahmed Shuja Pasha. O ISI é uma poderosa instituição militar que opera praticamente de forma independente, com pouca supervisão do governo civil.
O primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani disse que Pasha não pode ser obrigado a testemunhar num tribunal civil norte-americano e que os processos devem ser rejeitados. O comunicado do Ministério de Relações Exteriores indica que o Paquistão, por meio de sua embaixada em Washington, vai tentar encerrar o processo.
O documento afirma que Pasha e outros funcionários paquistaneses serão "completa e adequadamente" defendidos e expressa a visão contrária do primeiro-ministro sobre o fato de o caso ter sido levado ao tribunal. O Paquistão nega o envolvimento de qualquer agência governamental nos ataques.
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