O presidente eleito Sebastián Piñera, que assume amanhã a Presidência do Chile, tem evitado dar detalhes de seu plano de recuperação do país. Mas todos os sinais dados pelo futuro governante mostram que ele corre contra o tempo para apresentar amanhã mesmo, logo após a posse, um plano para amenizar rapidamente os problemas mais graves causados pelo terremoto do último dia 27. Um desses sinais é a nomeação da equipe encarregada de trabalhar exclusivamente na reconstrução.
Entre os nomes confirmados pelo presidente eleito está o arquiteto Pablo Allard, que irá para o Ministério de Habitação. Doutor em urbanismo e professor da Universidade do Chile, Allard foi coordenador da Comissão Municipal de Habitação e Qualidade de Vida de Santiago.
O empresário Cristobal Lira Ibanez é outro nome da lista. Vindo da iniciativa privada, do setor de importação, Ibanez irá realizar a tarefa de coordenar as doações de instituições nacionais e internacionais para chegar ao país. Também foi chamado Francisco Irarrázaval, engenheiro e mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade de Harvard e um dos idealizadores do programa "Um teto para o Chile".
Os desafios de Piñera e sua equipe são enormes. O governo que está saindo apresentou um balanço preliminar dos danos causados pelo terremoto na área habitacional.
De acordo com o levantamento do Ministério de Habitação, há 23.248 residências danificadas somente nas regiões mais afetadas. Desse total, 6.378 apresentam danos graves e dificilmente poderão ser recuperadas.
Os números ainda estão longe de traçar uma radiografia do setor de habitação no país após o abalo sísmico. "Precisamos de uma análise mais rigorosa para tomar decisões", disse a ministra Patricia Poblete, que está deixando o cargo.
Na área de saúde, uma das mais sensíveis, os dados iniciais divulgados pelo governo relatam parcialmente o problema. Pelos cálculos do Ministério da Saúde serão necessários US$ 72 milhões para recuperar a rede hospitalar. O tempo para reconstruir os estabelecimentos de saúde é de 3 anos, segundo o ministério.
Os cálculos não incluem despesas com campanhas de saúde, como vacinação, e maior número de médicos e enfermeiros. O sistema de saúde do Chile, ainda de acordo com o governo, perdeu cerca de 3,5 mil leitos.
Na educação, os administradores das escolas foram encarregados de fazer os levantamentos das unidades e encaminhar para o ministério. O terremoto afetou também instituições de ensino superior e pesquisa.
No plano econômico, já estariam prontas medidas de austeridade, com a finalidade de gerar poupança para investir em áreas prioritárias. O novo governo também estuda a relocação de recursos para atender as demandas decorrentes do desastre sísmico.