O bloco sunita que venceu a eleição no Iraque de março propôs na terça-feira a criação de um governo interino sob monitoramento internacional. O bloco Iraqiya, do ex-premiê Iyad Allawi, corre o risco de perder sua estreita maioria devido a impugnações de candidatos.
A agremiação disse que o Parlamento deveria se reunir para supervisionar as atividades do atual governo, dominado por xiitas, até que o resultado da eleição de 7 de março seja ratificado, e para evitar fraudes e violência.
"Não vamos ficar em silêncio diante do que está acontecendo na arena política iraquiana, com tentativas de marginalizar e excluir a lista Iraqiya", disse Allawi à TV Al Sharqiya, durante visita ao Egito.
Depois de boicotarem a eleição anterior, resultando na marginalização política da minoria sunita, esse grupo disputou a eleição de março, cujo resultado foi inconclusivo. Facções xiitas, sunitas e curdas agora se envolvem numa complicada barganha para tentar formar uma coalizão.
A coalizão Estado de Direito, do primeiro-ministro xiita Nuri al Maliki, obteve duas cadeiras parlamentares a menos do que o Iraqiya, de Allawi, mas conseguiu uma recontagem de votos em Bagdá, o que pode reverter a vantagem dos sunitas.
Além disso, uma comissão liderada por xiitas, encarregada de evitar a volta ao poder de seguidores do ditador Saddam Hussein, contestou votos dados a candidatos - a maioria do Iraqyia - acusados de ligação com o antigo regime, o que levou à anulação dos votos dados a 52 candidaturas. Outros candidatos ainda podem ser eliminados pelo mesmo motivo.
A perda de deputados eleitos pelo Iraqiya pode irritar a população sunita, que era privilegiada na época de Saddam.
Analistas temem a retomada da violência sectária que assolou o Iraque em 2006/07, o que poderia prejudicar os planos dos EUA para encerrarem suas operações de combate no Iraque até agosto, preparando-se para uma retirada até o final de 2011.
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