A crise de abastecimento de água potável em Cuba continua a dificultar a vida dos moradores de várias regiões do país, afetando mais de 600 mil pessoas, de acordo com informações do jornal estatal Granma, veiculadas nesta terça-feira (10) pelo portal Cubanet.
Segundo a matéria do Cubanet, que foi escrita de forma anônima por um cidadão que ainda reside na ilha comunista, a falta de manutenção nos sistemas de bombagem, a escassez de peças sobressalentes e de combustível, somados aos frequentes apagões, têm tornado a situação da escassez de água potável insustentável, especialmente em províncias como Holguín, onde, conforme a matéria do portal cubano, a população está “desesperada por soluções”.
No bairro Alex Urquiola, na cidade de Holguín, capital da província de mesmo nome, Lilian Eloísa Pedraza expressa sua frustração com a situação: "Eles abrem a água um pouco de madrugada e nesse horário a maioria da população está dormindo e não consegue nada". Essa realidade reflete o colapso das estruturas de abastecimento público, que têm forçando muitos cubanos a recorrer a soluções improvisadas, como a extração de água de poços, que, conforme o Cubanet, muitas vezes estão contaminados, aumentando o risco de doenças. Para quem pode pagar, a alternativa é adquirir água de fornecedores privados, mas essa solução está longe de ser acessível para a maioria da população.
A crise hídrica não se limita a Holguín. O Cubanet cita que outras províncias como Pinar del Río, Artemisa, Santiago de Cuba, Granma, Villa Clara e Cienfuegos também enfrentam dificuldades semelhantes. Citado pelo portal, o cubano José Antonio Hernández Álvarez, presidente do Grupo Empresarial de Água e Saneamento, estatal do regime cubano, atribuiu o agravamento do problema à falta de manutenção e ao fornecimento insuficiente de recursos para o setor, o que deixa a população à mercê de um sistema que não consegue atender suas necessidades básicas.
Beatriz Lorenzo, moradora do bairro Ramón Quintana, em Holguín, questionou ao Cubanet a gestão da Companhia de Aquedutos e Esgotos: "Não sei para onde está vazando água, porque choveu muito", comentou, destacando a aparente ineficiência da empresa pública responsável pelo abastecimento. O desespero gerou protestos em diversas localidades, como San Miguel del Padrón, em Havana, onde cidadãos indignados clamam por uma solução urgente, informou o portal cubano.
Enquanto isso, moradores como Miguel Antonio Diéguez, da comunidade da Luz, em Holguín, são forçados a adotar medidas drásticas para garantir o acesso à água.
“Estava há oito dias sem água, que não vinha do aqueduto nem havia pontos de água potável; então resolvi o problema com um poço, com risco de a água ficar contaminada”, explicou Diéguez ao Cubanet. A solução, embora arriscada, reflete o desespero de uma população que não vê saída para o atual problema.
Em Cuba, segundo o Cubanet, o custo mínimo para cavar um poço é de 24 mil pesos (US$ 875,29, a cotação atual), um valor inatingível para grande parte da população, que sobrevive com um salário médio de pouco mais de 4 mil pesos (US$ 166,72, na cotação atual).
Outros moradores relatam a gravidade da situação. Frank Aguilar, que também vive em Holguín, relacionou a falta de água potável com a escassez persistente de alimentos, que tem aumentado a fome na ilha comunista.
A insatisfação com o regime da ilha é evidente. Para o cubano César Vázquez, a crise de água é resultado de uma negligência sistemática por parte do regime comunista de Miguel Díaz-Canel.
“Já tivemos mais de 60 anos de comunismo em Cuba, chegaremos aos 80 e até aos 100; passa um milhão de anos e não se vê progresso e avanço”, concluiu, demonstrando a frustração de uma população que já não tem mais esperança de ver melhorias significativas em suas condições de vida.
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