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A polícia da Turquia prendeu nesta quarta-feira (19) o prefeito de Istambul, o social-democrata Ekrem Imamoglu, como parte de uma investigação judicial sobre suposta corrupção e "colaboração com grupos terroristas", em referência à guerrilha curda.
Uma grande força policial cercou a casa do prefeito nas primeiras horas da manhã e realizou buscas, prendendo o prefeito e vários de seus associados, bem como autoridades municipais do mesmo partido, o social-democrata CHP.
Imamoglu chegou à prefeitura de Istambul nas eleições de 2019, encerrando um quarto de século de governo municipal islamita, e foi reeleito em março do ano passado, tornando-se o rival mais provável do atual presidente da Turquia, o também islamita Recep Tayyip Erdogan, nas próximas eleições presidenciais.
O CHP está exigindo que essas eleições, programadas para 2028, sejam antecipadas e convocou primárias em toda a Turquia no próximo domingo para designar seu candidato, dando como certo que seria Imamoglu.
Nesta terça-feira, a Universidade de Istambul, onde Imamoglu se formou em administração de empresas em 1994, revogou seu diploma citando irregularidades em sua admissão em 1990, o que bloquearia sua candidatura presidencial, já que um diploma universitário é um requisito obrigatório para se tornar presidente.
Além disso, o Ministério Público abriu várias investigações contra o prefeito e outras figuras de seu partido nos últimos meses, e dois vereadores distritais foram presos preventivamente.
Os dois processos judiciais abertos contra Imamoglu e 106 pessoas de seu entorno ou do CHP acusam o prefeito de ser o chefe de uma organização criminosa com fins lucrativos, envolvida em atos de corrupção, suborno e licitações fraudadas.
Além disso, é acusado de ter ligações com o ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia, por meio da iniciativa conhecida como "Consenso Urbano", que o CHP e o partido de esquerda pró-curdo DEM lançaram antes das eleições municipais de março de 2024.
Por meio dessa iniciativa, várias figuras próximas ao DEM, o terceiro maior partido no Parlamento turco, se juntaram ao CHP, assim como muitos eleitores regulares do DEM passaram apoiar a legenda social-democrata, que se tornou o maior partido na Turquia pela primeira vez em décadas, desbancando o AKP, o partido de Erdogan,.
A operação contra Imamoglu e seus associados foi realizada com grande presença policial - o acesso ao transporte público no centro da cidade chegou a ser fechado - e o gabinete do governador anunciou a proibição de manifestações de protesto ou marchas pelos próximos quatro dias, até domingo.
Conteúdo editado por: Isabella de Paula



