Israel praticamente descartou nesta sexta-feira (23) a reabertura total da fronteira com a Faixa de Gaza, colocando em dúvida a continuidade da trégua e a reconstrução do território palestino após 22 dias de guerra.
Embora um funcionário da ONU tenha elogiado a "boa vontade" de Israel por permitir a entrada de 120 caminhões por dia com alimentos e remédios em Gaza, diplomatas denunciaram as restrições de Israel para a entrada de cimento, aço e outras importações necessárias para a reconstrução.
Os EUA manifestaram apoio condicional a uma abertura mais completa das fronteiras, mas não deram prazos.
John Ging, diretor de operações da UNRWA (agência da ONU que presta assistência aos palestinos em Gaza) disse que a guerra, que deixou 1.300 palestinos mortos e mais de 5.000 feridos, trará como resultado o surgimento de "mais extremistas".
O grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, condicionou o cessar-fogo declarado no domingo ao fim do bloqueio israelense na região.
Mas um importante assessor do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, descartou tal hipótese. "Se a abertura das passagens vai fortalecer o Hamas, não faremos", disse.
Israel acredita que, mantendo as restrições na fronteira, terá mais condições de negociar, sob mediação do Egito, a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, sequestrado por militantes em Gaza. Porém, o Estado judeu está sob crescente pressão internacional para atenuar as dificuldades aos 1,5 milhão de habitantes da Faixa de Gaza.
Nesta quinta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que as fronteiras de Gaza deveriam ser reabertas para bens humanitários e comerciais, sob um "regime de monitoramento" que incluiria a participação da Autoridade Palestina, do presidente Mahmoud Abbas, que é rival do Hamas e tem apoio do Ocidente.
Obama nomeou na quarta-feira um representante para a questão do Oriente Médio, o ex-senador George Mitchell, que em breve deve viajar à região para tentar fortalecer o cessar-fogo, que Israel declarou depois de Washington prometer ajuda contra os esforços do Hamas para se rearmar.
O novo governo dos EUA foi recebido com ceticismo pelo Hamas, que ganhou a eleição palestina de 2006, mas foi isolado pelo Ocidente por sua recusa em renunciar à violência e reconhecer o direito de Israel à existência.
"Esperávamos que Obama manifestasse disposição para conversar com pessoas reais e com os representantes democraticamente eleitos do povo palestino", disse Mushir Al Masri, funcionário do Hamas.
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