O assassinato nesta terça-feira (10) na Colômbia do procurador paraguaio Marcelo Pecci, que estava em lua de mel na ilha caribenha de Barú, parece apontar para a participação do crime organizado e será investigado por vários países.
O crime ocorreu pela manhã na ilha, que fica a cerca de 40 minutos de barco da cidade turística de Cartagena das Índias, onde Pecci, de 45 anos, estava em lua de mel com a esposa, a jornalista paraguaia Claudia Aguilera, com quem havia se casado no último dia 30 de abril em Assunção.
“Dois homens chegaram em um barco, se aproximaram e atiraram nele”, relatou a esposa de Pecci à emissora W Radio, acrescentando que o procurador morreu após ser baleado várias vezes na praia particular do Decameron Hotel, um dos mais populares da região litorânea de Cartagena e onde os recém-casados estavam hospedados.
Pecci era procurador especializado no combate ao crime organizado, narcotráfico, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo no Paraguai, segundo lembrou o Ministério Público colombiano, que já enviou a Cartagena “uma equipe de procuradores e especialistas em criminalística para que assumam as atividades investigativas e esclareçam o que aconteceu”.
Enquanto não há informações oficiais sobre a investigação, a imprensa colombiana aponta que se tratou de um ataque de pistoleiros, já que não houve roubo, e a polícia colombiana enviou cinco de seus melhores investigadores de homicídios para ligar os pontos sobre o ocorrido, além de ter solicitado a colaboração do Paraguai e dos Estados Unidos.
O casal chegou a compartilhar nesta manhã em suas redes sociais que estava à espera de um bebê, além de terem publicado várias fotos da lua de mel nesta paradisíaca ilha do Caribe.
Segundo Aguilera, seu marido não tinha recebido nenhuma ameaça, apesar de ser um dos procuradores mais conhecidos do país, encarregado de investigar casos de drogas, lavagem de dinheiro e crime organizado.
Casos de alto calibre
No Ministério Público paraguaio, Pecci participou das investigações sobre um tiroteio ocorrido em seu país durante o festival Ja'umina, em janeiro, no qual morreram duas pessoas, entre elas a modelo e influencer Cristina “Vita” Aranda, esposa do jogador de futebol Iván Torres.
Algumas hipóteses desses eventos, que deixaram quatro feridos, também apontam para um ataque de pistoleiros por conta de um possível acerto de contas do tráfico de drogas.
Da mesma forma, fez parte da equipe do Ministério Público que interveio em 2020 no processo contra Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto de Assis Moreira, por adulteração de documentos ao entrar no Paraguai com passaportes falsos.
Pecci também foi responsável pelas investigações sobre o assassinato de quatro pessoas, incluindo a filha do governador do departamento paraguaio de Amambay, Roland Acevedo, ocorridos em outubro do ano passado.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, condenou “o assassinato covarde” do procurador e foi enfático em sua posição de combate “contra o crime organizado”, o que sustenta a hipótese de um dolo por trás do homicídio.
Em declarações posteriores a jornalistas, o presidente paraguaio prometeu continuar “na luta contra o crime organizado” e descreveu o ocorrido como “muito doloroso, muito difícil”.
Por sua vez, o presidente colombiano, Iván Duque, entrou em contato com Abdo Benítez “para contribuir com as investigações desse fato e capturar os responsáveis”, segundo informou a chancelaria colombiana.
O diretor da polícia colombiana, general Jorge Luis Vargas, viajou a Cartagena para supervisionar a investigação do crime e garantiu que conversaram “com as autoridades dos Estados Unidos para que também se juntem à equipe organizada na Colômbia e no Paraguai para levar os responsáveis o mais rápido possível à Justiça”.
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