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O ditador da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (27) que ficou “surpreso” com a decisão dos Estados Unidos de sancionar as duas maiores petroleiras do país, Rosneft e Lukoil, medida anunciada no final de outubro pelo Departamento do Tesouro norte-americano. As declarações foram feitas durante uma entrevista coletiva no Quirguistão, transmitida ao vivo pela televisão estatal russa.
Segundo o relato divulgado pela imprensa russa e reproduzido por agências internacionais, Putin afirmou que “de repente, os Estados Unidos anunciaram sanções contra duas de nossas empresas petrolíferas” e que “sinceramente, nem entendi o que estava acontecendo”. O Kremlin disse que a decisão ocorreu logo após uma reunião entre o chanceler russo, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, à margem da Assembleia-Geral da ONU em Nova York.
De acordo com Putin, o encontro diplomático não indicava nenhum atrito que justificasse sanções adicionais. O líder russo afirmou que, inclusive, manteve conversas recentes com o enviado especial do presidente dos EUA, Steve Witkoff, durante a cúpula bilateral realizada no Alasca, e que não havia sinalização de medidas punitivas contra o setor de energia russo.
“E então, pronto! São adotadas sanções que, sem dúvida, estão destruindo nossas relações”, disse.
As sanções citadas por Putin foram anunciadas em 23 de outubro pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, que justificou a decisão pela “falta de compromisso sério por parte da Rússia com um processo de paz para pôr fim à guerra na Ucrânia”, segundo comunicado oficial do secretário Scott Bessent. O governo americano afirmou que as duas petrolíferas “financiam a máquina de guerra do Kremlin” e que o objetivo das restrições é limitar a capacidade russa de sustentar militarmente o conflito.
As medidas entraram em vigor há uma semana e, conforme dados citados por analistas do Tesouro, têm impacto direto sobre a receita das exportações de petróleo russo para China e Índia - uma das principais fontes de financiamento da campanha militar contra a Ucrânia. A economia russa, já em retração, deve sofrer novo choque com a redução das vendas para seus maiores compradores.
Putin também comentou outros temas durante a coletiva, incluindo reivindicações territoriais na Ucrânia e propostas para negociações com os Estados Unidos, reiterando que deseja discutir o reconhecimento internacional da soberania russa sobre Donbass e Crimeia. O líder do Kremlin ainda insinuou que a Rússia está disposta a incluir em um futuro acordo a garantia de que “não atacará a Europa”, caso isso seja uma exigência das potências ocidentais.
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