Com a desistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de concorrer à reeleição, o nome da vice-presidente, Kamala Harris, passa a ser o mais cotado para assumir a candidatura do Partido Democrata em seu lugar.
O próprio Biden disse neste domingo (21), ao anunciar a decisão de retirar-se da corrida presidencial, que “apoia e endossa” a indicação de Kamala. Ele ainda a agradeceu por sua “parceria extraordinária” e afirmou que “a melhor decisão que tomou como candidato do partido em 2020” foi tê-la escolhido como sua vice.
Apesar do apoio, ela ainda precisa ser formalmente escolhida como candidata durante a convenção do Partido Democrata, que ocorrerá entre 19 e 22 de agosto.
Kamala já era vista como sucessora natural de Biden para as eleições de 2024, dada a idade avançada do atual presidente, hoje com 81 anos. Aos 59 anos, a vice-presidente, no entanto, enfrenta problemas de popularidade, sendo desaprovada por 51% dos americanos, segundo um compilado de pesquisas do FiveThirdEight.
Primeira mulher a ocupar a vice-presidência dos Estados Unidos, ela foi considerada fundamental para a eleição de Biden em 2020, por representar minorias, sendo ela, além de mulher, negra e filha de imigrantes – sua mãe é indiana e seu pai, jamaicano.
Já no cargo, no entanto, a pouca atenção dada à questão da imigração foi criticada até mesmo por correligionários. Em sua primeira viagem internacional, em 2021, ela visitou a Guatemala e o México e desencorajou moradores dos dois países a emigrarem para os Estados Unidos.
“Quero deixar claro para as pessoas da região que estão pensando em fazer aquela perigosa jornada até a fronteira dos Estados Unidos com o México: Não venham. Não venham”, disse, em uma uma coletiva de imprensa ao lado do presidente guatemalteco Alejandro Giammattei.
Antes de chegar ao atual cargo, ela foi também a primeira mulher a ser procuradora-geral da Califórnia, entre 2011 e 2017, ano em que foi eleita senadora pelo mesmo estado. Kamala é bacharel em artes pela Universidade Howard e formada em direito pela Faculdade de Direito Hastings, da Universidade da Califórnia.
Em 2019, ela chegou a anunciar sua candidatura à presidência dos Estados Unidos para a eleição de 2020, e chegou a bater o recorde de maior valor arrecadado para uma campanha em um dia, superando a marca de Bernie Sanders, em 2016.
Em sua plataforma eleitoral da época, defendeu leis mais rígidas para prevenir a violência com armas de fogo, a legalização da maconha para uso recreativo, a redução de impostos para a classe média, a elevação do salário mínimo, a defesa do Acordo de Paris e o combate às mudanças climáticas, e a criação de um sistema de saúde universal.
A dificuldade em crescer nas pesquisas eleitorais e de arrecadar mais recursos para a campanha, no entanto, a levaram a desistir da corrida presidencial ainda em dezembro de 2019.
Ao ser anunciada pelo Partido Democrata como candidata à vice-presidência na chapa de Biden, em agosto de 2020, ela criticou o então presidente Donald Trump. “O constante caos nos deixou à deriva. A incompetência fez com que sentíssemos medo. A insensibilidade faz com que nos sintamos sozinhos. São muitas coisas problemáticas, e esse é o ponto. Nós podemos fazer melhor e iremos fazer muito mais”, declarou.
Em 2022, após a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubar a Roe vs. Wade, decisão que reconhecia o direito constitucional da mulher ao aborto e o legalizava em todo o país, Harris se colocou como a voz na Casa Branca em defesa da interrupção da gravidez.
Em 2023, liderou a campanha chamada “Luta pelas Liberdades Reprodutivas”, em que defendia a pauta abortista como um "direito das mulheres de tomarem decisões sobre seus próprios corpos”, ignorando a ação de assassinar bebês no ventre.
Casada com o advogado Doug Emhoff, é madrasta de Cole e Ella, filhos do primeiro casamento de seu marido com a produtora de cinema Kerstin Emhoff. Em agosto de 2019, segundo a revista Forbes, Kamala e seu marido tinham um patrimônio líquido estimado em US$ 5,8 milhões de dólares.
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