O Reino Unido vai votar pela saída da União Europeia (UE) a menos que os líderes europeus concordem com as reformas exigidas pelo premiê britânico David Cameron. A advertência foi feita ontem pelo secretário de Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, no dia em que Cameron embarcou para uma turnê por quatro capitais europeias para tentar convencer seus colegas a respeito da necessidade de mudanças.
Hammond sugeriu que Cameron pode optar por realizar um referendo sobre a permanência ou a saída da UE no próximo ano. A previsão é que a consulta seja em 2017. O referendo foi oficializado na quarta-feira, durante o tradicional discurso da rainha Elizabeth II no Parlamento, anunciando a agenda política do governo. Ontem, o governo britânico apresentou ao Parlamento um projeto de lei que permite a realização da consulta.
Em conversa ontem com o presidente da França, François Hollande, Cameron disse que sua prioridade é estimular reformas na UE para tornar o bloco mais competitivo e abordar as preocupações do povo britânico. Uma das prioridades, que vem opondo o premiê conservador à UE, é a política de imigração.
Enquanto a UE sugere que os imigrantes africanos e asiáticos que têm chegado ao continente sejam distribuídos entre os países do bloco, o Reino Unido sinaliza uma política mais dura com imigrantes ilegais. Cameron deverá apresentar ao Parlamento um projeto de lei que permite à polícia confiscar os salários de imigrantes ilegais e deportá-los imediatamente.
Hollande disse a Cameron que quer que a Grã-Bretanha permaneça na UE. “Acreditamos ser do interesse da Europa e do interesse da Grã-Bretanha ficar juntos, mas o povo precisa ser respeitado sempre”.
Cameron, por sua vez, comentou que “a situação atual (da UE) não é boa o suficiente”. “Acredito que há mudanças que podemos fazer que irão beneficiar não somente a Grã-Bretanha, mas o resto da Europa também”, comento o premiê.
Cameron disse ainda que o Reino Unido tem prioridades “diferentes” dos demais países do bloco. “Temos prioridades diferentes, mas compartilhamos um objetivo em comum, que é encontrar soluções para estes problemas”, afirmou. “O que importa é que a União Europeia e seus 28 membros são flexíveis e criativos o suficiente para reagir a estas questões e trabalhar juntos.”
O chanceler francês, Laurent Fabius, avaliou que a estratégia de Cameron é “muito arriscada” e disse que seu governo não vai endossar nada que signifique o “desmantelamento” da UE. O premiê britânico vai ser reunir ainda com o premiê holandês, Mark Rutte, com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente da Polônia, BronisÅaw Komorowski.