O gabinete tunisiano de unidade nacional realiza na quarta-feira sua primeira reunião, em meio à pressão da oposição para que o primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi demita mais aliados do ex-presidente Zine al Abidine Ben Ali.
Quatro membros da oposição ao governo anterior deixaram o gabinete provisório, menos de um dia depois de serem nomeados, dizendo-se frustrados com a permanência de membros do antigo regime, deposto após uma rebelião popular neste mês.
Abid al Briki, da central sindical UGTT, cujos três indicados ministeriais renunciaram, insistiu na exigência de que nenhum ministro de Ben Ali seja mantido, mas afirmou que abriria uma exceção para Ghannouchi. "Isso é uma reação às exigências das pessoas nas ruas", disse Briki.
Tentando aplacar a crise, Ghannouchi e o presidente interino, Fouad Mebazza, deixaram o partido Reunião Constitucional Democrática (RCD), que governa a Tunísia desde sua independência.
Não está claro se essa manobra irá aplacar a oposição. Ghannouchi disse que decidiu manter alguns ministros do antigo governo para que eles ajudem na organização de novas eleições, dentro de dois meses. O novo gabinete tomou posse na noite de terça-feira.
Sinalizando a disposição de romper com o passado, a RCD cancelou a filiação de Ben Ali e de vários parentes e homens de confiança do ex-presidente, segundo a TV estatal.
A crise tunisiana repercute em todo o mundo árabe, onde outros governos autoritários tentam evitar mobilizações populares. Num sinal da preocupação com a situação, o presidente dos EUA, Barack Obama, conversou na terça-feira com o seu colega egípcio, Hosni Mubarak.
Obama, segundo a Casa Branca, "compartilhou com o presidente Mubarak que os Estados Unidos estão pedindo calma e um fim da violência, e que o governo interino da Tunísia preserve os direitos humanos universais e realize eleições livres e limpas a fim de atender às aspirações do povo tunisiano".
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