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Autoridades retiraram manifestantes que participavam de um longo protesto na sede da Secretaria Presidencial
Autoridades retiraram manifestantes que participavam de um longo protesto na sede da Secretaria Presidencial| Foto: EFE/EPA/CHAMILA KARUNARATHNE

O novo presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, nomeou nesta sexta-feira (22) um novo primeiro-ministro e completou a formação de um governo para suceder o do deposto Gotabaya Rajapaksa.

O cenário político, porém, continua conturbado: autoridades retiraram manifestantes que participavam de um longo protesto na sede da Secretaria Presidencial, na capital do país, Colombo, em meio a denúncias de uso excessivo de força.

O político e ex-ministro Dinesh Gunawardena foi empossado como novo premiê junto com ministros do gabinete de governo. Wickremesinghe, por sua vez, assumiu na quinta-feira o cargo de chefe de Estado em caráter interino.

O governo conta com 18 ministros, 17 dos quais foram mantidos nos postos, com exceção da pasta de Relações Exteriores, agora sob comando de Ali Sabry, ex-titular de Finanças.

Membro do Sri Lanka Podujana Peramuna (SLPP), mesmo partido de Rajapaksa, Gunawardena entrou na política nos anos 70 e chegou ao Parlamento pela primeira vez em 1983, segundo o jornal cingalês Ada Derana, e já serviu como ministro em vários governos.

A nomeação de um novo premiê põe fim ao vácuo de poder que foi criado no Sri Lanka após Wickremesinghe ter sido nomeado presidente interino após a saída do antecessor, Rajapaksa, na semana passada.

O atual presidente inicia assim um mandato na mesma linha de seu antecessor, esperando consolidar seu poder a fim de retomar as conversas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o objetivo de obter uma linha de crédito financeiro para ajudar o país.

Retirada forçada

A nomeação de um novo primeiro-ministro para a nação de 22 milhões de pessoas ocorreu no mesmo dia em que foi ordenada a retirada forçada de manifestantes que ocupavam as imediações da Secretaria da Presidência há mais de cem dias.

Centenas de policiais retiraram à força dezenas de manifestantes e tentaram desmobilizar o principal acampamento de protesto, conhecido como Aldeia Gama, apesar da promessa dos participantes de deixarem a área dentro de 72 horas.

Horas depois que Wickremesinghe tomou posse como a mais alta autoridade do país após ganhar a maioria dos votos no Parlamento, ele emitiu uma ordem a todos os membros das Forças Armadas para estarem prontos para “manter a lei e a ordem”.

“As Forças Armadas e policiais estão em massa ao redor das instalações da Aldeia Gama, bloqueando as vias”, disseram os manifestantes em um comunicado pouco antes do início da retirada.

Os incidentes colocaram o futuro das manifestações em Colombo em xeque. Embora vários dos acampamentos tivessem começado a se desmobilizar nos últimos dias, muitos de seus líderes estavam esperando instruções para se reunirem novamente nas ruas para exigir a renúncia de Wickremesinghe.

O Sri Lanka vem sofrendo há meses com a escassez de medicamentos, alimentos e combustível, causada em parte pelo endividamento pesado, políticas governamentais mal orientadas e o impacto, no turismo, da pandemia de Covid-19 e dos atentados do domingo de Páscoa de 2019.

Em abril, o país entrou em inadimplência em relação a sua dívida externa, e o novo governo deve retomar as negociações com o FMI para um programa de resgate urgente.

A crise econômica levou a protestos em toda a ilha a partir do final de março, quando milhares de pessoas passaram a ir às ruas para exigir a renúncia de Rajapaksa, culminando com a invasão das residências oficiais dele e de Wickremesinghe em 9 de julho, obrigando o então presidente a deixar o cargo e o país.

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