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Gaîté Lyrique

Teatro de esquerda em Paris está sob risco de falência após ser ocupado por migrantes africanos

Teatro de esquerda em Paris está sob risco de falência após ser ocupado por migrantes africanos
Fachada do teatro Gaîté Lyrique em 2023 (Foto: FreCha/Wikimedia Commons)

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O teatro Gaîté Lyrique, localizado em Paris, capital da França, que é conhecido por promover apresentações alinhadas a pautas de esquerda, está enfrentando neste momento uma grave crise financeira e correndo risco de falir após ser ocupado por cerca de 300 migrantes africanos.

Segundo informações do jornal britânico Daily Mail, a ocupação do teatro teve início no dia 10 de dezembro de 2024, após 250 migrantes terem sido convidados para participar de uma apresentação intitulada “Reinventando a acolhida para refugiados na França”, promovida pelo teatro com a participação de acadêmicos de esquerda e representantes da Cruz Vermelha.

De acordo com a administração do teatro, ao final deste evento, os migrantes convidados — a maioria oriunda de antigas colônias francesas no continente africano — se recusaram a deixar o local, dando início a uma ocupação que já dura mais de cinco semanas.

“As condições sanitárias se degradam dia após dia e as equipes enfrentam essa situação sozinhas”, informou o comunicado divulgado pela direção da Gaîté Lyrique na sexta-feira (10).

A administração do teatro culpou a falta de apoio por parte das autoridades locais pelo agravamento da situação.

“Apesar de ser uma ocupação forçada, é impensável para a Gaîté Lyrique colocar essas pessoas de volta nas ruas em pleno inverno”, declarou a direção. Enquanto isso, o número de migrantes no interior do prédio continua a aumentar, chegando aos 300, o que está agravando ainda mais a situação.

Segundo o Daily Mail, a ocupação tem gerado impactos significativos para a sobrevivência financeira do teatro. De acordo com um porta-voz, o modelo de receita da instituição, que depende em 70% da venda de ingressos e 30% de subsídios, está em colapso, com prejuízos diretos estimados em “centenas de milhares de euros” devido ao cancelamento de eventos programados até pelo menos 24 de janeiro.

Negócios locais também sofrem com a ocupação. Um restaurante que fica localizado ao lado do teatro, que é frequentado por espectadores, relatou uma perda de cerca de 30 mil euros em receitas.

“Eles estão arruinando o meu negócio”, desabafou Elia, gerente do estabelecimento e filha de migrantes argelinos ao Daily Mail. Segundo ela, os frequentadores foram afugentados pelo comportamento dos migrantes ocupantes do teatro.

“Fumam maconha e brigam entre si na frente do meu terraço. Não recebemos mais nem os frequentadores do teatro, nem transeuntes, que estão com medo desses jovens”.

O edifício, localizado no terceiro arrondissement de Paris, pertence à prefeitura da cidade, que também enfrenta pressão para resolver a situação. A prefeitura de Paris, liderada pela socialista Anne Hidalgo, disse ter buscado soluções de acomodação para os ocupantes, mas sem êxito. Enquanto isso, o governo do presidente Emmanuel Macron tem se mantido distante do problema. Autoridades regionais declararam que a ocupação é ilegal e que os ocupantes são, em sua maioria, adultos conhecidos das autoridades, que viviam nas ruas antes de invadir o teatro.

O chamado “Coletivo dos Jovens do Parque de Belleville”, que organizou a ocupação do teatro, criticou a abordagem das autoridades, qualificando-as como “racistas”. O coletivo se define como um movimento “antirracista e anticolonial” e tem promovido assembleias gerais diárias em frente ao teatro, onde também realiza manifestações com tambores e megafones.

Com uma ocupação prolongada, prejuízos crescentes e sem solução à vista, o futuro do Gaîté Lyrique permanece incerto.

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