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A líder da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, se prepara para assinar o artigo de impeachment após a votação que aprovou o impeachment do presidente Donald Trump na Câmara, 13 de janeiro
A líder da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, se prepara para assinar o artigo de impeachment após a votação que aprovou o impeachment do presidente Donald Trump na Câmara, 13 de janeiro| Foto: Brendan Smialowski / AFP

A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou, nesta quarta-feira (13), o impeachment do presidente Donald Trump, por "incitação a insurreição", uma semana após a invasão ao Congresso americano que interrompeu a sessão de certificação do resultado da eleição presidencial de novembro e terminou com cinco mortos.

"Ao incitar um ataque mortal ao solo sagrado da nossa democracia americana, Donald Trump provou-se incapaz de cumprir os deveres da presidência por mais um segundo sequer", disse a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

Com a decisão, Trump se tornou o primeiro presidente na história americana a sofrer impeachment na Câmara por duas vezes. Com o apoio de dez republicanos ao impeachment, a resolução foi aprovada por 232 a 197 votos - resultado que faz dessa a votação de impeachment com maior apoio bipartidário na história dos EUA (o impeachment de Bill Clinton teve o voto de cinco democratas em 1998).

A decisão ainda não remove Trump do cargo e também não impede que o republicano concorra à presidência nas eleições de 2024. A resolução será agora julgada pelo Senado, e a expectativa é que Trump seja absolvido na Câmara alta dos EUA.

Para ser removido do cargo, Trump precisaria ser condenado no julgamento do Senado antes de deixar o cargo em 20 de janeiro. O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, disse que os republicanos não concordam em fazer uma sessão extraordinária para um julgamento do impeachment antes do fim do recesso, em 19 de janeiro.

A condenação de Trump no Senado exige uma maioria de dois terços. Isso significa que 17 senadores republicanos teriam que votar pelo impeachment para que Trump seja afastado, o que no momento parece improvável.

No entanto, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, disse nesta tarde que ainda não decidiu como votará no processo de impeachment. Caso ele decida votar pelo impeachment, ele poderia convencer outros 16 republicanos a fazerem o mesmo, dizem analistas.

Um impedimento a Trump de concorrer em eleições no futuro poderia ser colocado em votação no Senado apenas após a aprovação do impeachment por dois terços dos votos. A desqualificação de Trump para disputar eleições precisaria nesse caso apenas de uma maioria simples no Senado.

Analistas dizem que o impeachment de Trump depois que ele deixar o cargo seria em grande parte um "movimento político".

"Eles querem que ele saia do cargo o mais prejudicado possível, e sujo aos olhos do público", disse Thomas Jipping, ex-conselheiro-chefe do Comitê Judiciário do Senado. "O objetivo seria infligir o maior dano político possível".

Futuro do Partido Republicano

Ainda há muita especulação sobre qual será o futuro do Partido Republicano e a influência de Trump na política dos EUA. Dez republicanos da Câmara votaram pelo impeachment de Trump, enquanto 197 foram contrários à punição. Embora o repúdio ao presidente não tenha tido apoio de um grande número de partidários nesta votação, vários republicanos expressaram publicamente as suas críticas à postura de Trump nos eventos recentes.

Mas embora muitos republicanos tenham condenado a postura de Trump, vários argumentaram que o impeachment seria uma medida apenas para acirrar a divisão no país, faltando poucos dias para que o presidente deixe o cargo.

O líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, um aliado de Trump, disse mais cedo que acredita que o presidente tem responsabilidade nos eventos violentos no Capitólio, mas que destituí-lo seria um "erro".

"O presidente tem responsabilidade pelo ataque ao Congresso por uma multidão. Ele deveria ter condenado imediatamente a multidão quando viu o que estava acontecendo", denunciou o republicano durante a sessão desta quarta-feira.

Durante a certificação dos resultados da eleição presidencial, que foi concluída após horas de suspensão por causa da invasão ao Congresso, dezenas de congressistas republicanos votaram contra as duas objeções apresentadas por aliados de Trump, contra os resultados no Arizona e na Pensilvânia.

Trump não comenta impeachment

Em seu primeiro pronunciamento depois da decisão da Câmara, Trump condenou a violência durante a invasão ao Capitólio, mas não comentou o processo de impeachment.

O presidente americano disse que os envolvidos nos ataques serão levados à justiça. "Nenhum dos meus apoiadores verdadeiros se envolveria em violência política", afirmou Trump, em vídeo publicado no Twitter da Casa Branca. "Se você se envolveu nos eventos da última semana, não é um apoiador do nosso movimento, mas alguém que o atrapalha", disse.

"Fui avisado de que há riscos por conta de novas manifestações", indicou Trump, lembrando que americanos tem direito a serem ouvido, mas que todos "devem seguir a lei". Segundo o presidente "agências federais terão todos os recursos para manter ordem", assegurando que a transição ocorra de forma segura. "A violência deve parar, não importa qual sua filiação política", clamou Trump.

O FBI avisou aos chefes de polícia nas grandes cidades dos EUA que eles devem estar em alerta máximo até o dia da cerimônia de posse de Joe Biden. O alerta foi feito em telefonema nesta quarta-feira.

Na ligação de cerca de 45 minutos, o diretor do FBI, Christopher Wray, expressou sua grave preocupação sobre o potencial de ações de manifestantes nos próximos dias, segundo relatos de pessoas que participaram da conversa à imprensa americana.

As autoridades disseram que estão monitorando atividades extremistas na internet e pediram que as polícias fiquem atentas a grupos locais.

Primeiro impeachment

Em 18 de dezembro de 2019, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou a destituição de Donald Trump, mas ele foi absolvido no Senado. Naquela ocasião, Trump era acusado de pressionar o mandatário da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, a abrir uma investigação contra Hunter Biden, filho do então pré-candidato do Partido Democrata à presidência.

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