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Durante uma audiência no Subcomitê de Operações no Exterior do Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira (3), a jurista ucraniana Kateryna Rashevska afirmou que ao menos duas crianças sequestradas por forças de invasão da Rússia foram enviadas para a Coreia do Norte, a mais de 9 mil quilômetros de seus lares.
A especialista, que atua no Centro Regional de Direitos Humanos da Ucrânia, apresentou um depoimento detalhado aos congressistas americanos sobre casos de deportação, “russificação” e violência estatal contra menores retirados à força de territórios ocupados ilegalmente pelo Kremlin.
Segundo Rashevska, Kiev já identificou “ao menos dois casos de crianças do Leste da Ucrânia deportadas pela Rússia para a Coreia do Norte”. Ela relatou que um menino de 12 anos, identificado como Misha, de Donetsk, e uma adolescente de 16 anos, identificada como Liza, de Simferopol, da Crimeia, foram enviados ao campo de reeducação Songdowon, na Coreia do Norte, onde tiveram contato com “doutrinação ideológica e treinamento militar básico”.
De acordo com o depoimento, as crianças enviadas ao campo norte-coreano “foram ensinadas a ‘destruir militaristas japoneses’ e conheceram veteranos norte-coreanos que, em 1968, atacaram o navio militar dos EUA USS Pueblo, matando e ferindo militares americanos”. A jurista afirmou que esses episódios fazem parte de um sistema mais amplo de militarização e “russificação forçada” promovido pela Rússia em territórios da Ucrânia que atualmente estão sob seu controle.
Conforme a especialista, o Centro Regional de Direitos Humanos já documentou 165 campos de reeducação, distribuídos em áreas ocupadas, na Rússia, Belarus e Coreia do Norte. Rashevska afirmou que tais estruturas visam “quebrar a identidade ucraniana” através de políticas de assimilação cultural, adoção forçada e atribuição compulsória da cidadania russa a menores.
Segundo o testemunho, Moscou ignora obrigações previstas no direito internacional humanitário que exigem registro, monitoramento e reunificação familiar de crianças evacuadas.
“Nenhuma lista foi apresentada ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Nenhuma avaliação foi feita. Nenhuma repatriação voluntária ocorreu”, disse Rashevska, ao criticar a política oficial do Kremlin que insiste tratar as deportações forçadas de menores como “evacuações”.
Durante a audiência, Rashevska pediu que os Estados Unidos ampliem sanções e pressionem Moscou pela devolução imediata dos menores.







