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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em comício em Caracas na quinta-feira (25)
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em comício em Caracas na quinta-feira (25)| Foto: EFE/Henry Chirinos

A população da Venezuela vota para presidente neste domingo (28), entre a esperança de dar fim ao pesadelo de 25 anos do chavismo e o receio de que, mais uma vez, sua vontade seja calada por uma fraude eleitoral, como ocorreu em pleitos nacionais anteriores.

O ditador Nicolás Maduro, no poder há 11 anos, tentou de tudo para sabotar a eleição presidencial. Para começar, em junho do ano passado, fez uma manobra para que os membros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, órgão responsável pela organização das eleições no país, renunciassem e fosse nomeado um colegiado ainda mais pró-governo.

O chavista até tentou enganar que haveria uma abertura política com o Acordo de Barbados, assinado em outubro, por meio do qual a ditadura e a oposição acertaram um compromisso para eleições presidenciais limpas e justas este ano.

Em razão desse compromisso, os Estados Unidos suspenderam parcialmente sanções contra os setores de petróleo e gás da Venezuela.

Entretanto, Washington voltou a impor as sanções seis meses depois porque a ditadura chavista confirmou a inelegibilidade da oposicionista María Corina Machado, vencedora no ano passado das primárias da Plataforma Unitária Democrática (PUD), maior bloco contrário ao chavismo.

O desconhecido ex-diplomata Edmundo González a substituiu na campanha e lidera a maioria das pesquisas, várias delas com ampla vantagem.

O ditador tentou uma última cartada para tirar o foco da eleição e unir a população da Venezuela em torno dele, ao reavivar uma disputa na qual Caracas alega ter soberania sobre o Essequibo, uma região de quase 160 mil quilômetros quadrados que corresponde a 70% do território da vizinha Guiana.

Em dezembro do ano passado, num referendo questionado, a Venezuela aprovou medidas para a anexação do território. Desde então, o chavismo aprovou a criação de um estado venezuelano e de uma área de segurança na área, entre outras medidas.

Entretanto, a mobilização popular que Maduro esperava não veio, e este ano, com seu objetivo de melar a eleição já escancarado, ele parou de disfarçar.

Prendeu mais de cem pessoas ligadas à campanha de González apoiada por Machado e chegou ao ridículo de fechar estabelecimentos onde os dois políticos oposicionistas comeram ou fizeram compras.

Nas últimas semanas de campanha, falou sobre um “banho de sangue” e uma “guerra civil” na Venezuela caso seja derrotado por González. Houve reação até de dois aliados, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente argentino Alberto Fernández (2019-2023), que disseram que Maduro deveria aceitar o resultado das urnas.

O chavista respondeu dizendo ao brasileiro para tomar “um chá de camomila” e que as eleições no Brasil não são auditadas e retirando um convite para Fernández fazer observação eleitoral durante o pleito. Depois, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro desistiu de mandar uma equipe para acompanhar a votação.

Dois dados em especial ilustram como Maduro afundou a Venezuela ainda mais no caos. Em 2012, ano anterior à morte de Hugo Chávez e à chegada do pupilo deste ao Palácio de Miraflores, o Produto Interno Bruto (PIB) do país foi de US$ 372 bilhões, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). No ano passado, o PIB venezuelano havia despencado para US$ 97 bilhões.

Outra estatística impressionante é que, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), havia no ano passado 6,1 milhões de refugiados venezuelanos morando em outros países.

Era um número maior de cidadãos morando no exterior devido a deslocamento forçado do que a Ucrânia, com 6 milhões de refugiados, e o Sudão, com 1,5 milhão, dois países em guerra.

Neste domingo, a Venezuela escolhe entre acender uma luz ou mergulhar ainda mais fundo na escuridão. Mas há sérias dúvidas se sua voz poderá ser (realmente) ouvida.

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