A onda de manifestações estudantis se espalha pelos Estados Unidos desde a última semana. Os alunos de instituições renomadas como Columbia, em Nova York, e a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) pedem às universidades para que cortem todo o tipo de relações e negócios com o governo israelense em retaliação aos ataques na Faixa de Gaza.
Centenas de estudantes de diferentes universidades públicas e privadas do país foram presos por participarem nestes protestos. Na noite desta terça (30), a polícia de Nova York entrou no Hamilton Hall, prédio da Columbia marcado por grande valor simbólico pelos protestos contra a Guerra do Vietnã em 1968, que havia sido ocupado por estudantes. Segundo a CNN, mais de 200 manifestantes foram presos na Columbia e na City College de Nova York, outro local de protestos.
Também ocorreram ações policiais na Universidade de Wisconsin e na Universidade do Texas, onde também ocorriam acampamentos e manifestações de estudantes.
A Columbia é considerada o epicentro dos protestos universitários nos Estados Unidos contra a guerra na Faixa de Gaza. O prefeito de Nova York, Eric Adams, afirmou que a ocupação do Hamilton Hall "foi liderada por indivíduos que não estão matriculados na universidade”.
“Havia pessoas no campus que não deveriam estar lá. Vimos uma mudança nas táticas que estavam sendo usadas... Isso foi liderado por agitadores externos", apontou Adams. Nesta quarta, o prefeito estimou em 282 o total de detidos nos protestos universitários pró-Palestina na cidade durante as ações desta terça (30).
“Neste momento temos 282 detidos: 173 são da CUNY (a universidade pública da cidade) e 109 da Columbia”, disse Adams em uma coletiva de imprensa conjunta com Edward Cabán, comissário do Departamento de Polícia de Nova York. O prefeito não ofereceu dados sobre detenções de indivíduos de fora do campus após a operação de desocupação.
Políticos dos dois principais partidos dos EUA condenaram os protestos e o governo de Joe Biden classificou algumas das palavras de ordem dos estudantes e várias das suas estratégias, como a ocupação de edifícios universitários, como "antissemitas e violentas".
Universidade de Wisconsin
Pelo menos 34 estudantes da Universidade de Wisconsin, no norte dos Estados Unidos, foram detidos nesta quarta durante um confronto com a polícia. A polícia local entrou no campus universitário por volta das 7h (horário local, 9h de Brasília) para desocupar o acampamento que os estudantes tinham montado em um dos parques da instituição, segundo a imprensa local.
Em vídeos publicados na rede social X, é possível ver como os estudantes confrontaram os agentes, que portavam escudos antimotim. Em alguns momentos, os policiais derrubaram vários alunos e professores durante o confronto. Embora a universidade tenha alertado que era proibido montar acampamentos no campus, centenas de estudantes decidiram se reunir desde segunda (29) em um dos principais pontos do centro educacional.
UCLA
Unidades policiais foram mobilizadas nesta quarta (1º) no campus da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) após os violentos confrontos da noite passada entre grupos de manifestantes pró-Israel e aqueles que exigem o fim da guerra na Faixa de Gaza. A polícia afirmou que precisou ser mobilizada "devido a múltiplos atos de violência dentro do grande acampamento [montado por manifestantes pró-Palestina] em seu campus".
A intervenção ocorreu depois de grupos de manifestantes pró-Israel vestidos de preto e com máscaras brancas terem confrontado estudantes instalados no acampamento. Os confrontos eclodiram horas depois de a universidade anunciar que o protesto “é ilegal e viola a política universitária” e alertar que os estudantes que não saíssem poderiam ser suspensos ou expulsos, informou o jornal Los Angeles Times.
Universidade do Texas
Nesta segunda (29), 40 estudantes foram presos na Universidade do Texas, em Austin. Tropas da polícia estadual e autoridades de segurança da instituição - equipadas com trajes antimotim - prenderam os membros de uma ocupação que ocorria dentro da instituição em protesto contra Israel.
Eles não quiseram sair voluntariamente do espaço e tentaram resistir à detenção. Alguns estavam se jogando no chão para não serem levados. Em nota, o governador do Texas, Greg Abbott, do Partido Republicano, afirmou que “não serão permitidos acampamentos” nas instituições de ensino.
Trump elogia atuação da polícia na Columbia
O ex-presidente dos Estados Unidos e pré-candidato pelo Partido Republicano, Donald Trump, elogiou a ação da polícia de Nova York que desmobilizou um acampamento de manifestantes pró-Gaza na Universidade de Columbia. “A polícia chegou, e em duas horas tudo estava resolvido. Foi lindo de se ver", disse o republicano, sob aplausos de simpatizantes.
Durante um comício em Waukesha, no estado do Wisconsin, o político disse que “Nova York estava sendo atacada” por estudantes que denunciavam a política dos EUA de apoio a Israel na guerra contra o grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza.
Ele acusou a presidente da Universidade de Columbia, Nemat Shafik, de ser “muito fraca” e de “esperar muito tempo” para agir, mas no final, segundo ele, a polícia “fez um trabalho incrível” ao entrar no prédio que havia sido ocupado por vários estudantes.
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