O governo do Zimbábue planeja abater 200 elefantes para alimentar a população do país africano, que vive risco de “fome aguda”, um termo utilizado pelas Nações Unidas.
Em agosto, um relatório da ONU apontou que uma seca prolongada destruiu mais da metade da safra agrícola do Zimbábue e deixou cerca de 7,6 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar – cerca de 50% da população do país.
Tinashe Farawo, porta-voz da Autoridade de Parques e Vida Selvagem do Zimbábue, disse à emissora americana CNN nesta segunda-feira (16) que o país hoje tem mais de 84 mil elefantes, cerca do dobro da sua “capacidade de 45 mil”.
O Zimbábue tem a segunda maior população de elefantes do mundo, atrás apenas da de Botsuana.
No início do mês, a Namíbia também havia anunciado planos de abater mais de 700 animais selvagens, incluindo elefantes e hipopótamos, para alimentar sua população.
Os anúncios dos dois países foram criticados por ambientalistas. “O governo deve ter métodos mais sustentáveis e ecológicos para lidar com a seca sem afetar o turismo”, disse Farai Maguwu, diretor da organização sem fins lucrativos Centro para Governança de Recursos Naturais, em declarações publicadas pelo jornal inglês The Guardian.
“Demonstramos que somos péssimos guardiões dos recursos naturais e que nosso apetite por riquezas ilícitas não conhece limites, então isso deve acabar porque é antiético”, acrescentou.
Porém, o conservacionista Chris Brown, CEO da Câmara de Meio Ambiente da Namíbia, disse ao mesmo periódico que os elefantes geram um “efeito devastador no habitat se é permitido que sua população aumente continuamente, exponencialmente”.
“Eles realmente danificam ecossistemas e habitats, e têm um impacto enorme em outras espécies que são menos icônicas e, portanto, importam menos aos olhos dos conservacionistas de sofá urbanos eurocêntricos. Essas espécies importam tanto quanto os elefantes”, argumentou.
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