Quando o mundo parecia
caminhar para o retorno da normalidade, o governo chinês impôs medidas drásticas
e autoritárias sobre Xangai, determinando um novo lockdown aos quase 30 milhões
de moradores da província chinesa. Também há restrições em Pequim, capital do
país com mais de 20 milhões de moradores.
A política do Covid Zero do Estado chinês não tem surtido efeito, somente o de
impor restrições à população. As medidas adotadas, pelas autoridades chinesas,
de isolamento e desinfetar áreas já não são mais recomendadas, pois não tem
comprovação de eficácia.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde
(OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse, em maio, que não achava que a
estratégia chinesa pudesse ser sustentada em longo prazo, considerando o
comportamento do vírus atual e o que se pode esperar para o futuro. Essas
manifestações foram censuradas nas redes sociais chinesas.
As imagens divulgadas nas redes sociais são
aterrorizantes, pessoas colocadas em quarentenas mesmo testando negativo,
toques de recolher, silêncio obrigatório, robôs fiscalizando as ruas, cenas de
filmes de terror. Isso tudo tem gerado muita insatisfação na população que tem
reclamado dos novos lockdowns, como temos visto em muitos vídeos.
Uma brasileira que vive em Xangai disse estar trancada,
com seus três cachorros, em seu apartamento há mais de 40 dias. Até a primeira
semana de maio, a brasileira podia dar passeios rápidos com seus animais no
condomínio. Porém, depois, os moradores foram informados que ninguém pode sair
dos apartamentos, pois o prédio está em alerta vermelho para a Covid. Neste
momento, os moradores podem apenas abrir as portas de suas casas para pegarem
alimentos e produtos de higiene enviados pelo governo, e colocarem o lixo para
fora.
Diante disso ficam alguns
questionamentos. Será que, de fato, essas medidas são para a proteção da
população e não propagação do vírus ou isso é mais uma manobra das autoridades
chinesas para impor rígidos controles sociais sobre a população e travar mais
uma guerra econômica com o Ocidente?
Os novos lockdowns na China já afetam
diretamente a economia mundial, que passa por uma grave instabilidade com a
guerra na Ucrânia. Quando estávamos saindo da crise do pós-Covid, nos deparamos
com essas duas crises novas, que vão afetar na produção de alimentos,
combustíveis, produção industrial, ou seja, toda cadeia econômica está
novamente diante de uma adversidade.
Xangai – maior cidade do país e um núcleo
financeiro global – é responsável por 3,8% do PIB chinês. Segundo estudos, as
vendas no varejo despencaram em 11,1%, no mês de abril, em comparação ao mesmo
período do ano anterior. A economia brasileira também sofrerá os impactos das
severas medidas ligadas à Covid Zero, como
a dificuldade de importar produtos da China, em especial, insumos para a
indústria, o que irá refletir na alta dos preços de produtos e promover a
continuação do aumento inflacionário no Brasil.
Devemos questionar as ações tomadas pelo Partido
Comunista Chinês, pois além de todas as violações dos direitos humanos e
liberdades que estamos assistindo na China, temos agora as constantes situações
que afetam a economia mundial.
Diante dessa mais nova crise que passam os
chineses, cabe a nós do mundo democrático cobrarmos clareza e transparência do
governo chinês sobre os casos de Covid, os campos de concentração dos povos
uigures, violações de liberdades em Hong Kong, entre tantos outros fatos que,
até hoje, não estão claros para o mundo. O movimento Democracia Sem Fronteiras,
desde 2019, chama atenção do governo brasileiro sobre a postura das autoridades
chinesas.
Jorge Ithallo dos Santos, presidente do Democracia Sem Fronteiras.
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