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Donald Trump e Kamala Harris, rivais nas eleições presidenciais dos EUA, se cumprimentam em debate do dia 10 de setembro de 2024.
Donald Trump e Kamala Harris, rivais nas eleições presidenciais dos EUA, se cumprimentam em debate do dia 10 de setembro de 2024.| Foto: EFE/EPA/DEMETRIUS FREEMAN

A primeira lição para se entender a eleição americana é saber que quem decide quem será o presidente dos Estados Unidos não são as pessoas, individualmente tomadas, mas os estados. A ideia reflete claramente a origem do país. Os estados americanos não queriam se unir. Ao contrário, queriam se manter independentes uns dos outros, até por questões de diferenças religiosas e culturais.

Esses estados (então chamados de colônias) foram obrigados a se unir, pelo velho motivo de sempre: um inimigo comum externo, no caso, o Império Britânico. Se uniram na Pensilvânia, ao final do século XVIII e então tiveram que inventar um sistema no qual os estados escolheriam o presidente. Cada estado, então, votaria no seu candidato preferido, com um detalhe importante: seria injusto que a decisão de South Carolina valesse o mesmo que New Hampshire (com uma população 120 vezes menor).

A primeira lição para se entender a eleição americana é saber que quem decide quem será o presidente dos Estados Unidos não são as pessoas, individualmente tomadas, mas os estados

Conclusão sobre a eleição americana (que se mantém até hoje): cada estado vota no seu presidente, mas com pesos diferentes. O “escolhido” na Califórnia (mesmo que vença por um voto popular de diferença) leva todos os 54 votos daquele estado, enquanto o vencedor em Montana ganha todos os 3 votos que lhe cabem. Quem somar 270, ganha as eleições americanas.

Para facilitar, lembre-se que você não precisa se preocupar com 43 estados Americanos. Não perca seu tempo vendo pesquisas, análises ou estatísticas. Nesses estados (chamados de consolidados) a eleição americana já está resolvida e os próprios partidos políticos não investem um centavo em campanhas. Restam sete estados, que funcionam como pêndulos, votando ora para um lado, ora para outro: Nevada, Arizona, Georgia, North Carolina, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin são os chamados swing states.

Se quiser simplificar ainda mais o entendimento sobre a eleição americana, lembre-se que Pensilvânia é o mais apertado dos sete e concede 19 pontos, o maior dentre os swing states. Faz 20 anos que o vencedor desse estado leva a Casa Branca e o excelente analista de pesquisas Nate Silver projeta que quem ganhar ali, tem mais de 90% de chances de ganhar a eleição geral. Curioso observar que o exato lugar onde o país se uniu há 200 anos é o lugar que vai decidir a eleição daqui a dois meses.

Para assumir a Casa Branca, o candidato tem que levar 270 votos, sendo que cada um já começa com aproximadamente 220 dos estados consolidados. Em resumo, o sistema de eleição americana deixa os estados decidirem, mas leva em conta o tamanho da população. Até hoje, o lema oficial do país é estampado em suas moedas, redigido em latim e sintetiza tudo: “E pluribus unum” (De muitos, um).

Gustavo Rene Nicolau é advogado licenciado nos Estados Unidos e Brasil, mestre e doutor pela USP, mestre pela Universidade de Chicago e sócio da Green Card US.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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