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Não há mais como ignorar a sensação de insegurança que se espalhou entre os brasileiros, tanto no campo como nas cidades – seja no interior ou nos grandes centros. Dia após dia, a mídia tem trazido revelações sobre como os criminosos se organizaram em redes cada vez mais complexas, que espalham seus tentáculos em todas as direções. Há poucos dias, uma operação policial no Rio de Janeiro resultou em mais de uma centena de mortos. E há algumas semanas, uma operação da Polícia Federal revelou ramificações de uma facção criminosa no mercado financeiro, no comércio de combustíveis e em outras áreas que a aproximam muito da política e da vida do cidadão comum. Isso lança um alerta urgente: se o Estado não se organizar e combater abertamente a criminalidade, o Brasil será tomado por ela.
Fiz do combate à criminalidade a minha missão de vida quando me dediquei ao treinamento de forças de segurança pública. Quando fui eleito senador em 2018, fiz desse mesmo propósito a minha bandeira no Senado Federal – e o fiz convicto de que o combate ao crime não se faz com bravatas e promessas vazias. Não se faz com ações descoordenadas e sem inteligência. Não se faz desvalorizando o agente de segurança pública e sem investimentos pesados em equipamentos modernos e aumento de contingente. Não se faz com medo de contrariar mesmo os maiores interesses de gente muito poderosa. A criminalidade é combatida com ações planejadas, coordenadas e efetivas. E, sobretudo, com muito comprometimento e vontade política.
A guerra à criminalidade está se espalhando pelo país na medida em que as organizações criminosas, contando com a leniência, a desorganização ou a omissão do governo federal, estão se tornando maiores, mais poderosas
Além disso, é importante ter em mente que o combate à criminalidade não pode contar apenas com a repressão física e os confrontos armados – é primordial que se desenvolvam políticas públicas assertivas para coibir a disseminação, a organização, o estabelecimento e o financiamento das organizações criminosas em nossa sociedade. Venho atuando fortemente nessa frente, tendo apresentado 60 proposições ao Senado Federal para eliminar brechas e lacunas legais que beneficiavam a prática de crimes ou, ainda, para endurecer as penas previstas para crimes de alcance até então subestimado, como era o caso da corrupção, dos crimes cometidos em função de facções, organizações e milícias privadas, além da exploração da pornografia infantil e do tráfico de pessoas.
Para combater organizações criminosas cada vez mais ricas e mais equipadas, o Estado não pode ficar atrás. É necessário ir em busca de soluções de inteligência que possibilitem o controle da violência sem, necessariamente, lançar mão de mais violência. Já há, por exemplo, aplicações de inteligência artificial em segurança pública que têm se mostrado muito eficazes para embasar ações que levem à prisão de criminosos, ao corte de linhas de financiamento e de suprimento de armas e drogas e até mesmo à detecção de condutas criminosas, possibilitando a ação antecipada e preventiva das forças policiais.
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Nos próximos anos, implementaremos no Espírito Santo o Pro-Seg, projeto elaborado por mim que revolucionará a segurança pública no estado. O projeto, além de fortalecer a guarda metropolitana com viaturas, contingente treinado e armamento para atender a todos os 78 municípios capixabas nas áreas urbanas e na zona rural, contará com a instalação de câmeras em 75 municípios, numa primeira etapa. Esse videomonitoramento será feito em centrais táticas espalhadas pelo estado, dotadas de tecnologia de inteligência artificial, que permitirá o reconhecimento facial, de placas de carro e de condutas criminosas, consequentemente auxiliando na prevenção de crimes.
Como se vê, ainda há muito trabalho a ser feito. A guerra à criminalidade está se espalhando pelo país na medida em que as organizações criminosas, contando com a leniência, a desorganização ou a omissão do governo federal, estão se tornando maiores, mais poderosas, mais ricas, mais influentes e mais presentes em todas as áreas da sociedade. É de primordial importância que pessoas comprometidas com o efetivo combate ao crime sejam eleitas e tragam para o cenário político brasileiro o compromisso com a eficiência e com a coordenação na área da segurança pública, abandonando de vez a velha fórmula de falar muito e falar bonito, mas fazer pouco. A nossa realidade clama por ações inteligentes e enfáticas – ou estaremos perdidos. O Brasil precisa de nós.
Marcos do Val é senador da República.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



