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O cristão diante da resolução do Conanda sobre o aborto

Conanda aprova resolução que promove o aborto em meninas de 14 anos, até o novo mês de gestação. (Foto: Aline Menezes com Leonardo AI)

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Diante da resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), órgão ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, que facilita o acesso ao aborto para meninas menores de 14 anos grávidas em decorrência de estupro, a primeira coisa que temos que ter em mente é o seguinte: a sua atual composição é o suprassumo da ideologia woke, ou seja, do identitarismo. A presidente do Conanda é do CRP-PR que recentemente fez um "encontre de psicólogues clíniques não-bináries etc.", com ampla repercussão nas redes sociais.

A tara desse pessoal é a defesa apaixonada do assassinato de crianças ainda no ventre da mãe. Isso acontece porque eles precisam demonstrar que não existe nenhuma natureza ou essência humana. Tudo, absolutamente tudo, para esse pessoal é cultural, adquirido, e, portanto, nada é sólido, tudo é fluido e tudo pode ser mudado.

Os atuais membros do Conanda não passam de pobres coitados, “cavalos” de forças que os controlam, direta ou indiretamente. Por isso, não vale a pena cultivar ódio por essas pessoas. Também elas precisam ser amadas e perdoadas. São cegas e guias de cegos

Não há forma mais eficaz de destruir a convicção de que há uma natureza humana do que o aborto, tema da mais nova resolução do Conanda. Se os “progressistas” wokes e identitários conseguirem convencer a maior parte da sociedade de que no útero da mulher não há na realidade um ser humano real, vivo, em gestação, que deva ser preservado e protegido, mas apenas um amontoado de células sem nenhum sentido e significado, e que pode por isso ser perfeitamente descartado como se fosse um membro amputado, um órgão defeituoso ou um tumor. Tudo é permitido, todas as taras e todas as identidades, porque nada é objetivo, nem mesmo um ser humano. Tudo se torna subjetivo, fundamentado não mais na existência real, mas nos sentimentos, nos gostos, nos instintos, nos modismos e nas ideologias.

Legalizar o aborto, no fundo, no fundo, é legitimar definitivamente o liberou geral. Para que todas variedades de identidades e estilos de vida sejam normalizados e plenamente aceitos, faz-se necessário desconstruir a convicção de que existe uma natureza humana, uma essência humana à qual devemos aceitar e aderir.

Uma das cenas mais bizarras das últimas semanas foi uma foto tirada por membros do Conanda com algumas crianças. Uma foto deste tipo, em um momento no qual o Conanda estava trabalhando para ampliar e muito o acesso ao aborto por meio de uma resolução, mostra bem o tipo de caráter das pessoas com quais estamos lidando. E temos que ir além se quisermos como cristãos nos posicionar de forma realista diante do cenário atual.

Todos os cristãos têm de ter a clareza e convicção de uma coisa que foi dita recentemente pelo filósofo americano Peter Kreeft em seu livro Como vencer a guerra cultural, retomando o Apóstolo Paulo: essas pessoas não são as nossas verdadeiras inimigas. Os atuais membros do Conanda não passam de pobres coitados, “cavalos” de forças que os controlam, direta ou indiretamente. Por isso, não vale a pena cultivar ódio por essas pessoas. Também elas precisam ser amadas e perdoadas. São cegas e guias de cegos.

O Apóstolo Paulo nos chama a olhar a realidade em toda a sua amplitude, encarando-a não apenas na crista da sua superfície, mas chegando até à profundidade: "não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares." (Ef 6,12). E então nos recomenda: "Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus [...] Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito." (Ef 6,13a.18a). Diante do atual cenário, a coisa mais realista a fazer é a oração: porque Deus não está parado.

Dimitri Martins é mestre em Administração e Especialista em Gestão Pública.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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