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É fato: nossa sociedade é multigeracional. Ao longo do tempo, convivemos e lidamos com a diversidade humana. Pode-se citar, segundo estudos amplamente divulgados, os baby boomers (nascidos de 1946 a 1964), a geração X (1965 a 1980), a geração Y (1981 a 1996), a geração Z (1997 a 2010) e a geração Alfa (a partir de 2010). E, nesse contexto diverso, que continua neste 2025, a escola é uma instituição que vivencia o tempo todo o encontro de múltiplas gerações: pais e filhos, professores e estudantes, professores e pais e até mesmo entre os próprios professores. Enfim, esses encontros geracionais são diversos e muito bem-vindos à convivência social.
Em meio a esse mix geracional, contudo, não se pode esquecer neste início de ano letivo a geração H, denominada neste artigo como Geração Humana, a qual está acima das classificações X, Y, Z e Alfa porque é feita de algo que todas deveriam preservar: a humanidade como soberana. A essência da geração H tem como fundamento a aplicação diária de valores, como o compromisso com a palavra dita, as relações olho no olho, a grandeza do afeto, as responsabilidades diárias, a ética e tantas outras virtudes humanas. A formação de uma geração humana valoriza o caráter, a escuta, a interação social de verdade, a consciência global e social, a espiritualidade e a sofisticação inerentes a um ser humano.
Independentemente da proposta pedagógica e de tantos investimentos para 2025, toda escola precisa ter em mente que sua missão é mais do que vencer um ano letivo, mas, sim, começar pela formação de uma geração, no mínimo, mais humana
Na escola de 2025, da educação básica ao ensino superior, formar uma geração humana é, sem dúvida, o mais nobre começo. Com esse propósito, temas não faltam, como o de ensinar as famílias a serem mais participativas, leves em suas relações, bem como maduras, confiantes, engajadas, sendo aliadas da escola na formação de seus filhos e menos comparativas umas com as outras. Destaca-se também o tema referente a criar estudantes mais disciplinados, com maior valor humanitário, sendo naturalmente empáticos e mais resistentes e engajados no trabalho, no esforço próprio e na honra aos pais. Formar uma geração humana implica ter diretores escolares com habilidades mais sofisticadas para gestão de pessoas, líderes educacionais mais produtivos e com práticas de gestão, postura e linguagem cada vez mais nobres.
Nesse cenário, a escola teria mais liberdade para atuar e formar, e os professores não seriam julgados a todo tempo, pois a formação seria muito mais eficaz, sem contar os ganhos no ambiente escolar e na vida dos estudantes. Enfrentaríamos a dependência digital, o bullying e o cyberbullying com mais facilidade. Se observar que humano advém de humus, que significa "terra" ou "solo" em latim, pode-se concluir que uma geração humana é muito mais raiz, não no sentido popular bruto ou sem delicadeza, mas no sentido de ser essencialmente centrada no que sustenta: as raízes de um ser humano.
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Neste mundo hiperconectado de 2025, fluido e, ao mesmo tempo, doente pelo excesso de telas e conexão superficial com tudo, um bom começo é quando o essencial não é perdido de vista, inclusive dentro da escola. Como afirmou Lao Tsé, para ter conhecimento, é muito bom adicionar coisas, mas, para ter sabedoria, é muito bom subtrair coisas. Talvez subtrair fosse a grande saída para uma geração de estudantes que chega à escola, em sua maioria, com a mente esgotada de telas. Algumas, inclusive, são obesas, têm carência de vitamina D, apresentam distúrbios de sono e até de coordenação motora, com pouca experiência humana de interação, brincadeira, infância ou até mesmo, quando mais jovens, rotina de vida, compromissos e responsabilidades.
O sábio pensamento do saudoso reitor emérito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e membro da Academia Paranaense de Letras, Clemente Ivo Juliatto, é digno de nota, pois ele já alertava da necessidade de o mundo não ter apenas bons profissionais, mas sim boas pessoas. Na mesma linha, em 2005, o neurocientista Howard Gardner, considerado o pai da Teoria das Inteligências Múltiplas, em uma entrevista para o jornal espanhol La Vanguardia, em 2016, afirmou que uma pessoa má jamais chegaria ao nível de ser um excelente profissional, pois isso dependeria de excelência, comprometimento e ética, dimensões humanas próprias de boas pessoas. Então, sem dúvida, independentemente da proposta pedagógica e de tantos investimentos para 2025, toda escola precisa ter em mente que sua missão é mais do que vencer um ano letivo, mas, sim, começar pela formação de uma geração, no mínimo, mais humana. Todos ganhamos como espécie.
Haroldo Andriguetto Junior é doutor em Educação, mestre em Administração, diretor da Escola O Pequeno Polegar e presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particulares do PR – SINEPE/PR.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos