Preservar a natureza não pode ser um ato restrito ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em junho. As ações nesta data são importantes para lembrar de algo que está a todo momento nos chamando atenção e que nos traz demandas cada vez mais urgentes. As diversas manifestações climáticas ocorridas pelo mundo e que culminam em catástrofes sem precedentes para os seres humanos são provas de que precisamos não só preservar, mas recuperar aquilo que foi destruído pela própria sociedade. Isso ocorre devido a ações tanto do passado quanto do presente, com exploração inconsequente de recursos naturais. E a escola é o melhor lugar para iniciar essa conscientização sobre meio ambiente.
Para entender a importância desse tema, precisamos lembrar que no Brasil várias leis preveem a importância tanto da preservação ambiental quanto do ensino sobre o assunto. A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) é uma delas. O documento menciona, no artigo 2°, que o tema é um “componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal".
O “Caderno Meio Ambiente: Educação Ambiental e Educação para o Consumo”, disponível no site do Ministério da Educação, reforça que essas temáticas podem constar como conteúdo para todas os níveis da Educação Básica. Isso deve ser feito "com metodologias direcionadas e abordagens amparadas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)", segundo o documento. Ou seja, é um dever da escola proporcionar esse conhecimento, de forma transversal, para os estudantes.
A partir disso, podemos imaginar que essa abordagem em sala de aula na Educação Básica é um processo de construção. Imaginemos uma instituição de ensino em que, no Dia Mundial do Meio Ambiente, todos os alunos de uma turma do 9° ano do Ensino Fundamental plantem uma árvore no terreno da escola como forma de preservação da natureza. O ato, que pode parecer simbólico, na verdade é resultado de todo um processo de ensino e pesquisa que começa dentro de sala de aula, e que não acaba no dia 5 de junho. Além disso, ele transpassa os muros da escola.
Antes que a turma chegue ao momento de realizar o plantio, muito provavelmente no início do ano, ou, pelo menos, no começo do trimestre letivo, os professores definiram planos de aula e projetos para abordar a temática ambiental. Como se trata de um assunto que não se limita a uma disciplina, os professores se reúnem para definirem como cada componente curricular pode tratar deste tema dentro de suas aulas. Para isso, intercalam o tema com os estudos já previstos no calendário acadêmico.
Dessa forma, em cada disciplina, pouco a pouco, os estudantes ganham uma espécie de pílula que gera mais interesse, consciência e a construção do conhecimento. Os professores, então, lançam para as crianças e adolescentes as tarefas, textos, vídeos, bate-papos, atividades avaliativas e trabalhos para a fixação no assunto. Por fim, no Dia Mundial do Meio Ambiente, os alunos poderão compartilhar sua aprendizagem com os colegas da instituição, além de realizarem o plantio de uma muda de árvore na escola. E todo o conhecimento sobre a preservação ambiental também chega nas famílias, quando os alunos, empolgados com o projeto, comentam com os responsáveis tudo o que fizeram nas últimas semanas.
Nestes três parágrafos logo acima, pudemos resumir todo um conjunto de ações de sala de aula sobre o meio ambiente para despertar no aluno a conscientização ambiental. Este é o primeiro passo para a formação de cidadãos mais integrados ao tema. Levar para a família e amigos, fora da sala de aula, é o segundo passo. Todo conhecimento se inicia em sala de aula, mas nunca pode se resumir aos muros da escola. O conhecimento é produzido para que tenhamos brasileiros e brasileiras com o objetivo de que, no hoje e no futuro, possamos implementar medidas de cuidados com a natureza.
A pretensão pode parecer muito idealista. Mas uma educação que não vive de ideais para fomentar o futuro está fadada ao retrocesso. E com tantos casos de ataques ao meio ambiente sem qualquer medida das consequências disso, a escola necessita tomar parte neste processo de evolução e cuidado com a natureza.
Carolina Paschoal é pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo.
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