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Polícia Militar
Imagem ilustrativa.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Eu já bati na madeira, mas a possibilidade de a esquerda vencer a eleição presidencial é real. Na área de segurança pública, não há dúvidas quanto ao posicionamento do PT e os resultados que deixaram no país. Em geral, a esquerda enxerga o criminoso como uma vítima da sociedade ou um instrumento para a revolução. Isso é fato histórico incontestável. Ampliando esse conceito, Fidel Castro “convenceu” Hugo Chávez, com argumento de que o tráfico de drogas é uma arma da revolução contra o império americano, pois além de financiar a revolução, corrói a sociedade americana, uma vez que os EUA são os maiores consumidores. Isso está no livro Hugo Cháves, O Espectro.

A filósofa petista Márcia Tiburi foi uma das que deixou claro, quando falou sobre a “lógica no assalto”. Ciro Gomes, em entrevistas, disse que quando fez parte do governo petista eles mesmos falavam que a questão da segurança não tinha jeito e deveriam deixar isso com os estados. Haddad defendeu publicamente a política do desencarceramento e seu programa para a cracolândia de São Paulo (De Braços Abertos) foi um fiasco que aumentou o tráfico e o consumo. E Lula, em seus discursos, já deixou clara a sua posição quanto aos “jovens” que roubam celulares.

O crime organizado também oferece poder político, e pode ser utilizado como braço armado. Nas comunidades dominadas pelo tráfico, não há democracia.

Durante o governo Dilma, chegamos a mais de 60 mil homicídios. Um número superior ao de países em guerra. E há uma previsão estatística de que para cada morto existem outros três feridos, ou seja, três vezes mais tentativas de homicídios.  Durante todo o governo petista, as lideranças do crime organizado não foram isolados. A venda legal de armas foi dificultada ao máximo. Mas e o futuro com a esquerda? O que nos reservam para a segurança pública?

Não vejo nada de bom. Não há nenhum plano federal para a segurança e nenhum projeto da esquerda para alteração penal mais dura. Pelo contrário: são contra a prisão em segunda instância, contra a redução da maioridade penal, a favor do desencarceramento em massa e de políticas afirmativas para as cracolândias – não impedir o consumo nem impor a internação compulsória. Contudo, o maior risco que sofremos é no tocante ao crime organizado.

No passado, Leonel Brizola, quando foi governador do Rio de Janeiro, proibiu as operações da polícia nos morros. Recentemente, o ministro Fachin, do STF, fez o mesmo. Isso tanto no passado como agora, fortaleceu o tráfico. Fachin, antes de ser ministro, foi cabo eleitoral de Dilma Rousseff. As recentes decisões da 6ª Turma do STJ e de outros tribunais, estão invalidando apreensões gigantescas de drogas, “anabolizando” a teoria dos frutos da árvore envenenada, ou seja, sob qualquer desculpa, soltam os presos por tráfico. Esses ministros também foram indicados na época do governo do PT. Dessa forma, não precisa o governo petista se desgastar com projetos de lei polêmicos, o Judiciário faz isso com suas decisões. Essa é uma das estratégias que pode servir também para a legalização do aborto e das drogas na prática.

O negócio das drogas não só é lucrativo como envolve um poder gigantesco, com tentáculos que se abraçam em todas as nossas instituições e comandam países vizinhos por completo, os narcoestados. Por isso, precisamos levar em conta alguns dados quando pensamos a questão da segurança pública. O Brasil possui a maior rota de tráfico do mundo. Daqui a droga vai para os EUA e para a Europa; o país é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo. Muito se deve à péssima segurança pública e o fato de possuir a maior rota de tráfico. O que não sai, fica; Nosso país também possui um exército de traficantes fortemente armados, com número de soldados equivalente ao das Forças Armadas e dominam territórios por completo; três países maiores produtores de cocaína fazem fronteira com o Brasil; o Paraguai é o maior produtor de maconha da América do Sul e o segundo maior da América; o PT é um defensor das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), inclusive defendendo que elas se tornassem um partido político.

O crime organizado também oferece poder político, e pode ser utilizado como braço armado. Nas comunidades dominadas pelo tráfico, não há democracia. Candidatos que não são simpáticos aos traficantes são proibidos de entrarem e os moradores proibidos de prestarem qualquer tipo de apoio. Esse poder não pode ser subestimado e reflete diretamente nas urnas. Além de impedirem a divulgação de certos candidatos, indicam quem deve ser apoiado. Essa indicação pode ou não ser coercitiva, mas sempre será desproporcional, pois essas áreas estão sob o domínio de um estado paralelo, em que traficantes fazem as leis, providenciam auxílio social, justiça, realizam festas, e outras ações simpáticas à parte da comunidade. Obviamente, há um preço a ser pago por isso. Também temos mais de 700 mil presos no Brasil, e mais de 300 mil foragidos. As prisões são uma porta giratória, entrando e saindo, com a possibilidade de votarem. Aliás, os presos sem condenação definitiva, podem votar. Somam-se esse número alguns familiares e simpatizantes que podem ser direcionados.

Isso é um nicho muito significante que é explorado por partidos e pelo próprio crime organizado que possui seus candidatos. Faz tempo que a preocupação era apenas com políticos corruptos. Nossa preocupação maior é com o crime organizado no meio político. E isso reflete diretamente na segurança pública. Ainda que esse mal ocorra, temos um Congresso mais conservador, e cabe a todos nós , independente de quem seja eleito, não desistir de nossos princípios e valores, lutando para expurgar através do voto quem não está disposto a trabalhar pela segurança da população. O preço da liberdade é a eterna vigilância.

Davidson Abreu é analista de Segurança Pública, bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas, professor, escritor e palestrante. É autor do livro “Tolerância Zero”.

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