Qualquer região ou país desenvolvido teve, em algum momento de sua história, a indústria como o principal motor de seu crescimento econômico, tecnológico e social. Pela constante necessidade de aprimorar seus produtos e processos produtivos, a indústria é uma grande indutora da inovação e do aperfeiçoamento profissional de seus trabalhadores, que têm salários superiores aos de outros segmentos.
Uma renda que, novamente pelas características de sua atividade, a indústria obtém não somente no território em que está instalada, mas busca em diferentes mercados, vendendo seus produtos para outras partes do país e para o exterior. Tudo isso cria um ciclo de geração de riquezas – incluindo tributos – que impulsiona o desenvolvimento daquela região.
Para se ter uma ideia do poder multiplicador da indústria, estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que, a cada R$ 1 investido na indústria de transformação, são gerados R$ 2,70 na economia como um todo. Um valor bastante superior ao que é gerado com investimentos em outros setores: na agricultura, R$ 1 gera R$ 1,72, enquanto no comércio e serviços, R$ 1,48. Além disso, a indústria de transformação brasileira é responsável por 62,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento.
Fazer com que a indústria desenvolva plenamente seu potencial é, portanto, uma ação estratégica para o Brasil e para o Paraná. No Paraná, já temos uma indústria dinâmica e diversificada. Um setor que responde por 26,1% do PIB paranaense e é, atualmente, o quarto principal parque fabril do Brasil, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas tanto a indústria nacional quanto a estadual tem potencial para crescer muito mais.
Para que isso ocorra, é preciso criar um ambiente de negócios adequado, buscando soluções efetivas para uma série de desafios que hoje impactam negativamente na competitividade de nossa indústria. É preciso solucionar os entraves causados por questões como infraestrutura e logística, geração e fornecimento de energia, burocracia e regulação, qualificação e disponibilidade de mão-de-obra, acesso ao crédito, inovação e sustentabilidade, entre outras.
A atual diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) tem defendido desde o início de sua gestão, em outubro do ano passado, que isso se faz com a formulação de uma política industrial efetiva e eficiente. Um movimento que vem se intensificando inclusive em países desenvolvidos, em um processo de reindustrialização impulsionado por disputas tecnológicas e geopolíticas, desafios climáticos e o rearranjo de cadeias produtivas globais após a pandemia.
No Brasil, em esfera federal, o lançamento da Nova Indústria Brasil (NIB), conjunto de metas e programas para impulsionar o setor industrial nacional, é um primeiro passo importante para colocar o assunto em pauta. Porém, os esforços ainda são muito tímidos perto do que se vê em escala internacional. Enquanto a NIB prevê aportes de R$ 300 bilhões até 2026, países como os Estados Unidos anunciaram pacotes de até o equivalente a R$ 1,6 trilhão ao ano para reforçar setores estratégicos de sua indústria.
Além de ampliar os investimentos e estruturar de maneira mais efetivaas ações federais voltadas para o desenvolvimento da indústria, entendemos que estados e municípios também têm papel decisivo nesse processo. Por isso, a Fiep colocou como seu objetivo prioritário ser um instrumento para a construção de uma verdadeira política industrial para o Paraná. Queremos envolver diferentes atores públicos e privados que possam contribuir para que o estado tenha um plano e ações concretas que o transformem no melhor lugar para a atividade industrial no país.
Além de todas as articulações que já vêm sendo feitas nesse sentido, neste dia 15 de março, começando por Cascavel, na região Oeste do Paraná, a Fiep realiza o primeiro de uma série de seis eventos de lançamento dos Fóruns Permanentes Regionais da Indústria. O grande objetivo dos Fóruns é envolver toda a comunidade e a opinião pública qualificada em torno do tema indústria, mostrando o grande potencial que o setor tem para dinamizar o desenvolvimento dos municípios e das diferentes regiões do estado.
O debate inicial nesses seis eventosservirá como provocação para que as lideranças apontem quais são as prioridades para o desenvolvimento industrial de suas respectivas regiões. Um trabalho que terá continuidade ao longo do ano, com a realização de oficinas temáticas em que serão aprofundadas as necessidades regionais em diferentes áreas. Todo o conteúdo coletado nesses encontros servirá de subsídio para que a Fiep formule propostas concretas para uma política industrial eficiente para o Paraná.
Nesse movimento, temos a parceria fundamental de entidades ligadas ao setor produtivo, como a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) e o Sebrae-PR, além de associações de municípios e agências regionais de desenvolvimento. O governo estadual – por meio das secretarias do Planejamento, da Indústria, Comércio e Serviços e do Trabalho, Qualificação e Renda – também se prontificou a apoiar a iniciativa. Com tudo isso, a Fiep espera contribuir, efetivamente, para que a indústria, pelo impacto econômico, tecnológico e social que gera, seja colocada no centro da estratégia de desenvolvimento do Paraná e sirva de exemplo para o Brasil.
Edson Vasconcelos é presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
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