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Os Estados Unidos da América consolidaram-se como a principal potência econômica do mundo ao longo do século XX, posição que continuam a ocupar de forma expressiva no século XXI. Essa liderança não surgiu por acaso, mas sim como resultado de uma trajetória histórica marcada por decisões estratégicas, capacidade de adaptação, forte institucionalidade e um ambiente fértil à inovação. Desde a independência, em 1776, as bases de um projeto nacional voltado à liberdade econômica, à expansão territorial e à industrialização contínua moldaram o perfil de uma nação com vocação para o protagonismo global.
Ao longo de sua história, marcos como a Revolução Industrial americana, a Guerra Civil, a Grande Depressão e o esforço industrial durante a Segunda Guerra Mundial não apenas impulsionaram o crescimento interno, mas também redefiniram a atuação do Estado na economia e fortaleceram os pilares da competitividade americana. No pós-guerra, os EUA emergiram como a “fábrica do mundo” e, posteriormente, como o centro financeiro e tecnológico do planeta, criando um modelo econômico que equilibra consumo interno vigoroso, inovação permanente e liderança global.
A transição de uma economia fortemente industrial para uma sociedade baseada no conhecimento permitiu a ascensão de novos setores estratégicos, como tecnologia da informação, biotecnologia e serviços financeiros. Hoje, mais de três quartos do Produto Interno Bruto do país são gerados pelo setor de serviços, com destaque para o domínio em áreas como software, redes digitais, inteligência artificial e economia de dados. Empresas americanas moldam tendências globais de consumo, comportamento e inovação, refletindo a força de um ecossistema que combina universidades de classe mundial, amplo acesso a capital de risco e um ambiente regulatório que favorece o empreendedorismo. Além disso, o país mantém uma base demográfica sólida, com uma população relativamente jovem em comparação a outras economias avançadas e uma destacada capacidade de atrair talentos internacionais – resultado de políticas imigratórias seletivas e de um sistema educacional altamente competitivo.
A força dos Estados Unidos também se apoia em seu peso geopolítico e financeiro. O dólar permanece como a principal moeda de reserva do mundo, respondendo por cerca de 60% das reservas cambiais globais, enquanto Wall Street continua a funcionar como epicentro dos mercados financeiros internacionais. Em paralelo, a presença ativa em organismos multilaterais e a manutenção de um poder militar global asseguram influência estratégica em diferentes regiões e garantem uma posição de destaque em decisões econômicas e políticas internacionais. Outro diferencial estrutural é a ampla disponibilidade de recursos naturais e a elevada produtividade agrícola e energética. Com grandes reservas de petróleo, investimentos crescentes em fontes renováveis e uma das maiores áreas agricultáveis do planeta, os EUA mantêm capacidade de abastecimento interno e atuação exportadora robusta, o que fortalece sua autonomia e segurança econômica.
Internamente, a estabilidade institucional e a governança jurídica consolidada oferecem segurança a investidores e empreendedores. Os direitos de propriedade são claramente definidos, o sistema legal é previsível e há transparência regulatória – fatores que garantem um ambiente confiável para negócios. Tais características não apenas estimulam o investimento estrangeiro direto, mas também sustentam a constante renovação de empresas, tecnologias e modelos de negócios.
Projeções de organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, a Goldman Sachs e a PwC, indicam que os Estados Unidos permanecerão entre as maiores economias globais até, pelo menos, 2050, mesmo diante da ascensão de gigantes populacionais como China e Índia. A ausência de um substituto viável ao dólar como moeda de reserva, o avanço contínuo no setor tecnológico – especialmente diante da chamada quarta revolução industrial – e a capacidade das empresas americanas de ditar padrões globais sustentam essa perspectiva de continuidade. Mais do que prever o futuro, o objetivo é compreender os fundamentos históricos, estruturais e institucionais que permitem aos EUA manter sua hegemonia.
A história econômica americana revela uma notável capacidade de reinvenção e adaptação. Desde suas origens como colônia até sua ascensão como superpotência, os Estados Unidos construíram um modelo baseado na combinação entre inovação tecnológica, força demográfica, solidez institucional e presença estratégica global. Mesmo em um cenário internacional cada vez mais competitivo, a robustez desses pilares permite afirmar que os EUA não apenas ocupam o centro da economia mundial, como seguem moldando seu futuro.
Eduardo Bach Anelli, economista, é CFO na PX Energy e CoreconPR.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



