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A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, discursa em um evento com os times campeões da National Collegiate Athletic Association (NCAA), no gramado sul da Casa Branca, Washington DC, EUA, 22 de julho de 2024.
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, discursa em um evento com os times campeões da National Collegiate Athletic Association (NCAA), no gramado sul da Casa Branca, em 22 de julho.| Foto: EFE/EPA/Ting Shen

Apesar da democrata Kamala Harris já ter aparecido na liderança na primeira pesquisa de intenção de voto após a desistência de Joe Biden em concorrer à reeleição, com 44% das intenções contra 42% do republicano Donald Trump, isso não é suficiente para garantir sua vitória na eleição presidencial dos Estados Unidos. Como o sistema eleitoral estadunidense é indireto, ou seja, os eleitores votam em delegados que, por sua vez, elegem o presidente, Kamala precisa vencer em estados-chave para assegurar a maioria dos delegados no Colégio Eleitoral. Vale lembrar que o voto não é obrigatório por lá.

O Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados, exige que um candidato conquiste pelo menos 271 votos para ser eleito presidente. A distribuição de delegados por estado é baseada no número de senadores e deputados que cada estado tem no Congresso. Estados com mais delegados têm maior peso na eleição, o que faz com que candidatos dediquem maior atenção a eles. Califórnia, Texas, Flórida, Pensilvânia e Illinois representam juntos cerca de 30% dos votos necessários para vencer o pleito.

Além da complexidade do sistema eleitoral, a eleição presidencial americana é um processo prolongado, que começa quase dois anos antes da votação final

A maioria dos estados adotam o sistema "winnertakesall" (o vencedor leva tudo) na apuração dos votos. Por exemplo, se um candidato vence na Califórnia, ele recebe todos os votos do Colégio Eleitoral do estado, independentemente da margem de vitória. Apenas Maine e Nebraska distribuem seus votos proporcionalmente.

Os “swingstates”, ou estados pêndulo, desempenham um papel crucial nas eleições americanas. Flórida, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Arizona e Carolina do Norte podem mudar seu perfil eleitoral de uma eleição para outra, tornando-se campos de batalha decisivos. Califórnia e Texas, por outro lado, tendem a votar consistentemente em democratas e republicanos, respectivamente.

O sistema eleitoral dos EUA pode resultar em situações onde um candidato ganha a presidência sem ter a maioria dos votos populares. Esse fenômeno ocorreu cinco vezes na história americana, sendo a mais recente em 2016, quando Donald Trump venceu Hillary Clinton apesar de ter recebido cerca de 3 milhões de votos populares a menos.

Além da complexidade do sistema eleitoral, a eleição presidencial americana é um processo prolongado, que começa quase dois anos antes da votação final. Durante esse período, os candidatos formam comitês, angariam apoios e recursos, e participam das primárias e caucuses. Nessas etapas preliminares, os eleitores escolhem os candidatos que representarão seus partidos na eleição geral. Vale lembrar que ao contrário do Brasil, os candidatos podem receber recursos de diversas fontes e não há limite de gastos.

As primárias podem ser abertas ou fechadas, dependendo do estado. Nas primárias abertas, qualquer eleitor pode votar, enquanto nas fechadas, apenas membros registrados de um partido podem participar. Esse processo culmina nas convenções nacionais, onde os partidos oficializam suas indicações para presidente e vice-presidente.

As indicações oficiais dos partidos ocorrem nas convenções nacionais. Após as convenções, começam os debates entre os candidatos, que se estendem até a eleição em novembro. A eleição presidencial de 2024 nos Estados Unidos marca a 60ª vez que o país escolhe seu líder desde a adoção da Constituição em 1788. A posse do novo presidente ocorrerá em 20 de janeiro de 2025.

Arilton Freres é sociólogo e diretor do Instituto Opinião, com sede em Curitiba.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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