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Lula dólar
O presidente Lula: declarações impactam dólar e inflação| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Participei da reunião do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política (COSENP) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), comandado pelo ex-presidente Michel Temer, que teve como conferencista Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul. Conversamos muito, e durante os debates que tivemos concluímos que o presidente Lula tem que falar pouco. Cada vez que ele fala, prejudica a economia, o mercado, a Bolsa de Valores e ainda faz com que os investimentos se afastem do país. Tudo isso por causa dos preconceitos que ele tem contra o mercado, os investidores e contra aqueles a quem ele chama de elite empresarial. Praticamente todo o Conselho concordou.

O presidente Lula atrapalha o ministro Haddad, que se esforça para ter um controle maior da economia e do arcabouço fiscal, que há muito os conhecedores entendem que dificilmente poderá ser cumprido. O certo é que cada vez que o presidente da República fala sobre economia, demonstra um profundo desconhecimento do que representa a política monetária, o que termina prejudicando o Brasil.

O presidente Lula deveria saber, por ser presidente da República, que cada palavra sua influencia todos que a ouvem. E por essa razão não deveria falar de improviso

Ora, quase todos os analistas dizem que a recente queda na Bolsa e o aumento do dólar decorreu das reiteradas manifestações do presidente Lula, absolutamente contrárias às regras mínimas da economia, o que tem prejudicado o país. O desempenho do Brasil em relação ao dólar e à Bolsa de Valores, tem sido o pior possível. Em relação às ações, todos os países, dos mais importantes do mundo aos denominados países emergentes, tiveram um crescimento na Bolsa. O Japão, 15,98%; os Estados Unidos, 13,87%; a Índia, 7,97%; a China, 1,93%; a Alemanha, 7,46%; a Itália, 7,62%. Enquanto todos os países do mundo cresceram, nós tivemos no Brasil uma queda no mesmo período de 10,50%.

Todos os países onde as Bolsas tiveram um desempenho positivo são aqueles nos quais, por causa de suas políticas, os investidores podem confiar. No Brasil, tal confiabilidade cai porque os investidores têm grande preocupação em decorrência de frases como: “O que se tem que fazer é aumentar a tributação, elevar a arrecadação, reduzir juros” – o presidente não percebe que sem política fiscal só resta o instrumento da política monetária.

Vamos examinar agora o comportamento do dólar. Em relação a todos os países do mundo, houve uma queda muito pequena. O rand sul-africano desvalorizou 0,17%, a libra esterlina, 0,34%, Singapura, 2,42%, o dólar australiano, 2,88%. Então, todas elas tiveram uma pequena desvalorização. O dólar de Taiwan, 5,6%. Já o real desvalorizou 9,94%. Ao avaliarmos o desempenho das principais moedas, a nossa é a que teve o pior desempenho. Desvaloriza-se o real perante o dólar, o dólar sobe, a Bolsa cai e o presidente Lula continua fazendo manifestações que preocupam.

Após reunião com Fernando Haddad e Simone Tebet, na qual foi solicitada revisão de gastos, nada foi feito. Somente o corte de gastos fará com que o governo, enfim, reconheça que não é aumentando a tributação e reduzindo os juros que se combate a inflação; que não é deixando de fazer política fiscal e pretendendo destruir a política monetária que se consegue atrair investimentos. Vale destacar: só se consegue atrair investimentos quando se tem estabilidade e segurança.

Ronald Coase e Douglas North foram dois prêmios Nobel de Economia. Eles diziam que é a estabilidade das instituições que garante o crescimento de um país através da economia de mercado. Essa estabilidade é o que o povo brasileiro quer. O presidente Lula deveria saber, por ser presidente da República, que cada palavra sua influencia todos que a ouvem. E por essa razão não deveria falar de improviso, pois fala mal. Em segundo lugar, deveria realmente consultar os seus assessores que entendem de economia, para só depois manifestar-se, a fim de não termos esses desastrosos resultados que os números da economia indicam.

Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio -SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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