Bonés do MST e camisetas com a estampa do líder guerrilheiro Che Guevara costumam ser adereços comuns também àquelas pessoas que portam lenços verdes, broches “meu corpo, minhas regras” e imagens representativas do movimento feminista. Afinal, a cartilha revolucionária tem sua gênese na mesma doutrina de que estamos em uma eterna luta de classes em todos os âmbitos de nossas vidas.
Seguindo a mesma lógica marxista de que haveria uma opressão burguesa ao proletariado, o feminismo elegeu o homem como fonte de toda sorte de infortúnios a que são submetidas as mulheres, pregando uma guerra sem fim entre os dois sexos e justificando quaisquer meios para derrotar o inimigo. Isso acontece ainda que, para tanto, recaia na contradição de defender a morte de menininhas indefesas dentro dos úteros de suas mães a pretexto de se estar lutando por uma tal liberdade sexual absolutamente inconsequente.
O assassinato das crianças ainda no ventre também obedece a um interesse monetário, o que contraria os princípios dessa gente que se diz revolucionária, cuja luta contra o capital é a mola mestra de suas vidas
Agora, a bola da vez é defender com unhas e dentes o direito de matar essas crianças mesmo que elas sejam viáveis de sobreviver fora do ambiente uterino. Não obstante a extrema crueldade do procedimento de assassinato desses pequenos bebês, segundo essa turma, tudo vale para que a mulher não seja vitimizada por um alegado sofrimento de ter que ouvir o choro da criancinha ao nascer.
Para essa gente, existe algo como que uma “escala de opressão de vítimas”, onde aqueles que determinam os pontos que possuem são os mesmos que fazem essa classificação com os critérios que especificam quem pode ou não pode ser considerado vítima do sistema opressor. Assim, é quase impossível opor-se a esse vitimismo e encontrar argumentos favoráveis às pequenas crianças que serão queimadas vivas.
Entretanto, há um ponto que as feministas estão se esquecendo. Se para nós a vida é um bem imensurável, para os marxistas tudo tem um valor e, ao defenderem a atrocidade da assistolia fetal, terminam por estar protegendo interesses de grandes conglomerados empresariais, algo que julgam ser convictamente contrários. De fato, o assassinato das crianças ainda no ventre também obedece a um interesse monetário, o que contraria os princípios dessa gente que se diz revolucionária, cuja luta contra o capital é a mola mestra de suas vidas.
A exemplo, vemos que, atualmente, muitos médicos têm se recusado a realizar o procedimento de assistolia fetal, o que vem ocasionando o fretamento de aviões particulares para o encaminhamento das gestantes a Recife, onde há uma equipe de ginecologistas dispostos a realizar esse procedimento. Entretanto, mesmo nesses casos, os valores, que ficam entre dez e vinte mil reais, estão muito abaixo daquele que seria resultante no caso de se salvaguardar a vida do bebê, pois com uma média de custo diária de R$ 700,00, a manutenção de um bebê em uma UTI neonatal ultrapassa o valor de cem mil reais para se garantir o direito à vida dessa criança.
Por isso, em termos financeiros, aqueles que se dizem ideologicamente contrários ao “capitalismo opressor”, ao advogarem a necessidade de matar as crianças periviáveis, estão, na verdade, trabalhando em prol do capital, referido na teoria crítica de Marx. Para os grandes conglomerados capitalistas (incluindo aqui o próprio Estado como gestor da saúde), é muito mais lucrativo matar a criança no ventre do que tentar salvá-la em uma UTI neonatal.
Então, quando colocarem seus bonés e broches-símbolo do movimento feminista e da “liberdade”, saibam que, no fundo, vocês não são nada mais do que outra engrenagem trabalhando a favor do sistema capitalista, que tanto imaginam combater. Pensem nisso.
Danilo de Almeida Martins é jurista.
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