É oportuno abordar a recuperação da indústria da construção civil, ou talvez seja mais apropriado questionar se o termo "recuperação" é de fato o mais adequado. A reflexão é sugerida porque mesmo com os impactos adversos da pandemia que assolaram vários setores econômicos no Brasil e no cenário global, a construção civil conseguiu manter índices positivos, evidenciados pelo crescimento de 9,7% no acumulado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 e 6,9% em 2022, segundo a mesma fonte. Além disso, dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) revelam que, em 2021, aproximadamente 147 mil empresas desse meio empregavam 2.203.731 pessoas. Em 2022, segundo dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o número de trabalhadores formais no setor cresceu 8,42%. Isso é mais que crescimento. É desenvolvimento sólido.
Embora essas informações provenham de fontes e estudos distintos, os resultados convergem para um mesmo padrão que, se representado graficamente, seriam ilustrados por um viés ascendente com a legenda: a construção civil está subindo ano após ano. O Informativo Econômico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), emitido no primeiro semestre de 2023, identifica três segmentos correlacionados a esse setor como os principais impulsionadores desse desenvolvimento, sendo o primeiro a construção de edifícios, seguido por serviços especializados para a construção e, por fim, as obras de infraestrutura.
E por que são relevantes esses números? Porque funcionam como indicadores do futuro, seja no fechamento de 2023, projetando um crescimento de 1,5%, segundo a CBIC, ou nas perspectivas para 2024, que, em minha visão otimista, sugere uma cifra ainda mais expressiva. Minha confiança não é apenas resultado de minha conexão com o setor ou da esperança por uma recuperação mais robusta, mas, sim, fundamenta-se nos movimentos recentes do mercado.
Um exemplo eloquente é a redução da taxa Selic. Em janeiro de 2023, a taxa de juros estava fixada em 13,75%, mantendo-se nesse patamar até agosto. A partir desse ponto, a taxa decresceu continuamente, atingindo os atuais 12,25%. É relativamente simples compreender que uma diminuição de 1,5 ponto percentual, embora possa parecer modesta, exerce significativo estímulo ao consumo e, por conseguinte, aquece a economia.
Neste contexto, todos aqueles que de alguma forma estão vinculados à construção civil colhem benefícios. As empresas nos setores de logística, comércio, indústria e habitação avançam em seus projetos de negócios, gerando novos postos de trabalho e impulsionando a economia circular. Como resultado, o poder de compra aumenta, dadas as oportunidades de financiamento, e os investimentos em patrimônio tornam-se mais atraentes. As construtoras, por sua vez, expandem seus portfólios e, em conjunto com outros setores, contribuem para a recuperação o fortalecimento da economia brasileira. Isso, somado às novas tecnologias e serviços que conferem agilidade ao processo de construção sem comprometer a excelência nas obras, reforça a minha boa fé neste cenário.
Diante desse horizonte, reitero: não é prematuro discutir a reestruturação para o crescimento da construção civil. Mais do que isso, é pertinente substituir a palavra "reestruturação" por termos como "fortalecimento" ou "evolução", pois cada um desses é sinônimo do que temos testemunhado no setor, seja em momentos positivos ou mesmo em meio a adversidades.
Roberto Braz Thá é diretor da Thá Engenharia.
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