A austeridade nos gastos deveria ser um atributo exigido de todas as instituições públicas brasileiras. No entanto, parece que o Poder Judiciário insiste na direção contrária. São abundantes as notícias de que aqueles que têm o compromisso de proteger os nossos direitos e de garantir a ordem têm abusado de penduricalhos polpudos, disfarçados de “verbas indenizatórias”, intangíveis a qualquer cidadão comum.
Recentemente, foi publicada notícia de que os tribunais de Justiça do Rio Grande do Sul e de Rondônia lideram a lista das maiores remunerações pagas pelo Judiciário a magistrados em 2023. Segundo os dados revelados, os cem salários mais altos pagos pelas duas Cortes totalizaram quase R$ 38 milhões.
O TJ gaúcho, por exemplo, desembolsou – somente neste ano – cerca de R$ 12 milhões para apenas 38 magistrados. Outros Tribunais de Justiça também pagaram altas remunerações aos seus membros. Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e Tocantins igualmente beneficiaram seus juízes e desembargadores com vencimentos expressivos.
Como se não bastasse, o Tribunal de Justiça do RS licitou a compra de cinco veículos de luxo, modelo Audi A4 S LINE. Seguindo meu dever de fiscalização, acionei o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado pedindo atuação dos órgãos de controle para suspender a aquisição dos carros, com base na Lei de Licitações, que veda a compra de itens de luxo.
Além de ilegal, a compra é totalmente imoral. Por qual razão a alta cúpula do Judiciário precisa andar com um carro Audi de quase 400 mil reais? Não vemos nenhum outro poder esbanjando dessa forma.
Supersalários, auxílios, veículos de luxo e benefícios exorbitantes: não é à toa a preocupação do brasileiro com a possibilidade de alíquotas elevadas de impostos após a reforma tributária. Gastamos muito, e gastamos mal. Esse comportamento perdulário precisa ter fim, ou precisaremos debater e votar novos limites aos orçamentos dos Poderes, claramente exagerados e incentivadores deste comportamento desalinhado ao interesse de quem paga a conta: o cidadão.
Felipe Camozzato é deputado estadual pelo NOVO-RS.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião