O hidrogênio renovável, energia limpa promissora que vem ganhando espaço como aposta em todo o mundo quando o foco é a descarbonização da economia, tem sua produção encarada, no Paraná, de um modo distinto da forma como tem sido feita em outros estados brasileiros. Essa energia se destaca por reduzir a emissão de gases poluentes, ter estocagem e transporte dinâmicos e por ser capaz de ampliar a disponibilidade energética para a necessária transição.
Enquanto os estados nordestinos, mais avançados na área, voltam-se à produção da molécula através de processo eletrolítico sobre a água induzido via energia solar e eólica, o Paraná centra seus esforços na produção do hidrogênio renovável pelo biogás, proveniente da biomassa que resulta do alto volume de produções agropecuárias no estado, seja de proteína animal, seja de resíduos como os do processamento da cana-de-açúcar cultivada. Quando a produção usa esse biogás, o hidrogênio renovável é obtido via processo biológico ou termoquímico, resultando em uma energia viável para vários ramos da indústria, permitindo que se desenvolvam novos serviços e negócios na cadeia produtiva do estado.
O Paraná, que já tem uma matriz energética 98% limpa, é pioneiro também na construção de uma política pública na produção de hidrogênio renovável.
O potencial estimado de produção de hidrogênio renovável pelo Paraná é de 1,99 bilhão de Nm³/ano, considerando a alta disponibilidade de biogás. Somente pelo parque de reatores anaeróbios que processa esgoto e gera biogás, o volume de tratamento atual é de 476 bilhões de litros de esgoto/ano. O Paraná lidera em usinas para produção de biogás na Região Sul: 159. Também na destinação dessa energia o Paraná traça estratégia diferente da vista em outros estados, ao investir no diagnóstico e estímulo ao desenvolvimento de um mercado de consumo interno, o que reduziria as pegadas de carbono resultantes do transporte da energia. Entre os negócios que podem ser desenvolvidos e absorvidos internamente estão os voltados às áreas de combustíveis, aquecimento, limpeza, fertilizantes com base na amônia verde, energia residencial, produtos químicos, fontes de soldagem e produção industrial.
Para atingir esses objetivos de produção e comercialização, criando uma cadeia produtiva coerente e autossustentável, o Paraná, que já tem uma matriz energética 98% limpa, o que o coloca entre os líderes mundiais nessa produção, é pioneiro também na construção de uma política pública na produção de hidrogênio renovável, com um plano específico para isso.
O Plano de Hidrogênio do Paraná, contratado em agosto pelo governo do estado junto à Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), tem mapeado o cenário dessa energia no estado e será ferramenta fundamental para desenvolver medidas voltadas ao licenciamento, financiamento e desoneração da cadeia produtiva relacionada à sua produção. Dois dos sete produtos contratados já foram entregues, relacionados ao Plano de Trabalho do grupo e sobre o Cenário Atual e Diretrizes para o Plano H2 Renovável, que trata do contexto da energia no estado, país e mundo, e estabelece diretrizes para o desenvolvimento do plano. Neste momento, a equipe trabalha no desenvolvimento do produto que foca no estado da Arte sobre o Mercado de H2 Verde e sua Cadeia de Valor. O último dos produtos é o próprio Plano de Hidrogênio do Paraná, que tem entrega final prevista para ocorrer até abril de 2024.
Neste mercado novo que se estrutura mundialmente, a principal certeza é a de que somente quem estiver preparado e estruturado vai surfar essa onda, o que deve ser alcançado com o subsídio de informações pelo Plano do Hidrogênio. Para auxiliar na tomada de decisões sobre as melhores estratégias para desenvolver essa nova cadeia produtiva, primeiramente serão mapeados os principais consumos internos a serem estimulados, e, posteriormente, quais tecnologias e rotas devem ser dominadas internamente. O Paraná também se destaca nesta revolução energética que vivemos por ter grandes empresas como partes interessadas (stakeholders), como a Itaipu, a maior geradora de energia limpa renovável do planeta, a Copel, Sanepar e Compagás. Outras medidas estão sendo tomadas para o Paraná ocupar essa posição, como o fomento da indústria pela Política Estadual do Hidrogênio, a desburocratização para o licenciamento ambiental no segmento e o estabelecimento de Incentivos fiscais para desenvolver o setor.
Algumas iniciativas e projetos já estão sendo realizados no Paraná, com incentivo à produção e comercialização dessa energia, com destaque para o NAPI Hidrogênio, isenções fiscais e abertura de linha de crédito, chamada pública da Copel e Projeto da Sanepar de produção de hidrogênio verde foi submetido e aprovado na chamada pública do MCTI/Finep/FNDCT. O Paraná tem feito investimentos que geram sustentabilidade, preservam o meio ambiente e levam bem-estar às pessoas, além de significar oportunidades e novas alternativas para os paranaenses, e seguir gerando empregos, destacando-se no cenário nacional.
Guto Silva é secretário de Estado do Planejamento do Paraná.
Moraes retira sigilo de inquérito que indiciou Bolsonaro e mais 36
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Idade mínima para militares é insuficiente e benefício integral tem de acabar, diz CLP
Processo contra Van Hattem é “perseguição política”, diz Procuradoria da Câmara
Deixe sua opinião