A confirmação da reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz implicações significativas para os mercados de investimentos globais e, em particular, para os investidores no Brasil e no mundo. A vitória do republicano impulsiona setores tradicionais com corte de impostos e foco no mercado doméstico; veja o impacto.
A vitória de Trump foi esmagadora e trará uma grande legitimidade para seu governo. Os republicanos venceram no Colégio Eleitoral, no voto popular e dominaram a Câmara e o Senado. Tudo isso indica que Trump terá facilidade para governar, implementando as políticas econômicas sinalizadas durante sua campanha e que terão impacto no mundo dos investimentos.
A expectativa é que o segundo mandato de Trump seja caracterizado por uma abordagem de política econômica mais conservadora, enfatizando grandes incentivos ao setor privado e a redução da carga tributária para empresas. Especula-se sobre a possibilidade de novas reduções nas alíquotas do imposto corporativo, diminuindo dos atuais 21% para 20% ou até 15%.
A sinalização de redução de impostos nos EUA tende a fortalecer o dólar. Isso resulta em uma valorização da moeda americana (e não necessariamente em uma desvalorização das outras moedas, embora o efeito observado seja semelhante). A valorização do dólar impacta diretamente as moedas de países emergentes, como o real brasileiro. Para os investidores nacionais, manter parte do portfólio dolarizado é uma estratégia eficaz para proteger o patrimônio contra flutuações cambiais.
A postura firme de Trump em relação ao comércio com a China aumenta o potencial de intensificação das tensões geopolíticas com a segunda maior economia do mundo
Muita sinalização foi feita por Trump sobre direcionar esforços significativos para reduzir a dívida pública americana, estimada em níveis historicamente elevados. Inclusive, há conversas sobre o presidente reeleito convidar o próprio Elon Musk para coordenar uma das áreas do governo, com o objetivo de ajudar a implementar cortes de gastos. A redução da dívida pode aumentar a confiança dos investidores na saúde financeira dos EUA a longo prazo.
A abordagem protecionista de Trump em relação ao resto do mundo, com a possibilidade de implementar tarifas de importação de até 60% sobre produtos chineses, tem implicações significativas para o comércio internacional e investimentos. Embora tais medidas visem proteger a indústria nacional americana, elas podem desencadear retaliações e tensões comerciais, afetando cadeias de suprimentos globais.
Para o Brasil, será muito importante monitorar esses desdobramentos. Setores exportadores podem enfrentar desafios, mas também podem surgir oportunidades para preencher lacunas deixadas por outros países em mercados específicos.
Além disso, a política fiscal prometida por Trump busca estimular o investimento interno e aumentar a competitividade das empresas americanas no cenário global. Para os investidores, isso pode resultar em valorização dos ativos de empresas beneficiadas por essas medidas, especialmente nos setores tradicionalmente favorecidos pela administração Trump.
Setores estratégicos que podem se beneficiar:
Energia e combustíveis fósseis: O setor de energia fóssil é um dos principais beneficiários das políticas de Trump. Com uma postura mais cética em relação às mudanças climáticas, o governo tende a reverter regulações ambientais restritivas, ampliando incentivos para a exploração e produção de petróleo e gás. Isso pode impulsionar a rentabilidade de empresas desse segmento, criando oportunidades para investidores interessados em ativos de energia tradicional.
Defesa e indústria militar: A priorização da segurança nacional e o aumento dos gastos em defesa são marcas registradas da administração Trump. A alocação crescente de recursos para a modernização das Forças Armadas beneficia diretamente a indústria militar. Empresas fornecedoras de tecnologia e equipamentos de defesa podem apresentar crescimento significativo, tornando-se alvos atrativos para investimentos.
Setor financeiro: A desregulamentação financeira é outra área de foco. A flexibilização de normas permite que instituições financeiras ampliem suas operações com maior liberdade, potencializando lucros. Bancos e grandes corporações financeiras podem se valorizar nesse contexto, oferecendo retornos interessantes para investidores.
Além disso, as políticas voltadas para o fortalecimento do mercado interno devem favorecer empresas de diferentes tamanhos da economia americana. Incentivos fiscais, facilitação de crédito e programas de estímulo à produção local podem impulsionar o crescimento desses negócios. Investidores que buscam diversificação internacional podem considerar uma maior exposição ao índice S&P 500.
Outro ativo para ficar de olho é o ouro. Analistas do UBS acreditam que o metal precioso pode se valorizar caso surjam temores sobre polarização geopolítica, inflação ou expansão do déficit fiscal. A postura firme de Trump em relação ao comércio com a China aumenta o potencial de intensificação das tensões geopolíticas com a segunda maior economia do mundo.
Leonardo Chagas é internacionalista pela UFRGS e consultor de investimentos CVM. É membro do Conselho do Instituto Atlantos e do Conselho Gestor da Rede Liberdade.
Regulamentação no STF pode redefinir regras da Internet e acirrar debate sobre liberdade
Áudios vazados: militares reclamam que Bolsonaro não assinou “golpe”; acompanhe o Entrelinhas
Professor, pupilo de Mujica e fã de Che Guevara: quem é Yamandú Orsi, presidente eleito do Uruguai
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Deixe sua opinião