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Qualidade, eficiência e satisfação: as lições de Taiwan na área de saúde pública

(Foto: César Badilla Miranda/Unsplash)

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A saúde é um direito humano fundamental que exige cooperação internacional inclusiva. Num mundo marcado por pandemias e crises sanitárias globais, todas as vozes devem ser ouvidas, e Taiwan tem muito a oferecer neste nicho. Desde 1995, a nação insular conta com o Sistema Nacional de Seguro de Saúde (NHI), que, atualmente, cobre o impressionante índice de 99,9% de sua população. Em rankings internacionais, como o da plataforma Numbeo, Taiwan foi classificada, consistentemente, como líder mundial em cuidados de Saúde, alcançando o primeiro lugar por sete anos consecutivos.

Este reconhecimento mundial demonstra a excelência do sistema de saúde taiwanês, que não se limita a fornecer, tão somente, atendimento ao seu povo, mas, também, em garantir qualidade, eficiência e, na ponta, a satisfação do paciente. Para tanto, há amplo investimento em Medicina Preventiva, em atenção primária e em inovação digital. Como exemplo, temos programas que ampliam o cuidado contínuo, como o Médico da Família, e soluções tecnológicas, tal como o aplicativo My Health Bank, além do cartão de seguro virtual, que oferece controle em tempo real ao cidadão sobre seus dados.

O futuro da saúde planetária, acolhedora e sem fronteiras, depende de ações responsáveis e baseadas em evidências, e Taiwan deve fazer parte desta construção

Em Taiwan, a interoperabilidade digital segue padrões globais, com a integração de informações – o que é de fundamental importância para respostas mais rápidas a surtos epidemiológicos, inclusive. Desde 2008, a nação insular também lança mão da Avaliação de Tecnologias em Saúde (HTA). Em 2023, essa política pública permitiu a inclusão de terapias gênicas e celulares, abrindo caminho para a Medicina de Precisão no sistema público.

Durante a pandemia da Covid-19, Taiwan mostrou ao mundo sua capacidade de agir com agilidade e solidariedade. Além de proteger sua própria população por meio de medidas eficazes de contenção, o governo taiwanês forneceu ajuda a dezenas de países. Ao Brasil, para ilustrar, foram doadas máscaras e materiais de proteção que beneficiaram cidades como Goiânia-GO e Curitiba-PR. Este gesto humanitário reforça nosso papel como parceiro confiável e responsável. Apesar dessas contribuições, claras e concretas, Taiwan permanece excluída da Organização Mundial da Saúde (OMS) em razão de interpretação incorreta da resolução 2.758, da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Aprovada em 1971, tal medida trata exclusivamente da representação da China nas Nações Unidas. Paralelo a isso, em nenhum momento, menciona Taiwan e tampouco concede à República Popular da China o direito de representar o povo taiwanês em organismos vinculados à ONU, como a OMS. Esta exclusão não apenas carece de fundamento legal, como também compromete os esforços planetários no enfrentamento a emergências sanitárias. Afinal, a ausência taiwanesa em fóruns técnicos internacionais, como a Assembleia Mundial da Saúde, limita o intercâmbio de informações e de boas práticas, enfraquecendo a resposta coletiva a pandemias e a surtos globais.

O providencial seria a OMS adotar abordagem inclusiva e pragmática, fundamentada na cooperação técnica e no princípio da universalidade. Neste sentido, Taiwan está pronta para contribuir — com expertise técnica, soluções digitais comprovadas e histórico de solidariedade internacional. Sua participação efetiva na agenda da OMS, portanto, é primordial. O futuro da saúde planetária, acolhedora e sem fronteiras, depende de ações responsáveis e baseadas em evidências, e Taiwan deve fazer parte desta construção em defesa de um direito inerente a toda a humanidade.

Benito Liao é representante do Escritório de Taiwan no Brasil.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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