Como um convite à reflexão e à criação de propostas para mitigar problemas relacionados ao meio ambiente e à sociedade, a Organização das Nações Unidas (ONU) marca, no mês de outubro, um período de conscientização para a Redução do Risco de Desastres. Em um cenário de mudanças climáticas e de crescimento urbano exponencial, no qual temos acompanhado acidentes, enchentes, deslizamentos de terra, secas e tempestades extremas, o tema se torna cada vez mais necessário, com a urgência de ações efetivas que possam, além de reduzir riscos de desastres, reparar os danos causados.
Segundo o levantamento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), no ano passado o Brasil registrou o maior número de desastres naturais, com mais de mil eventos. Esses dados reforçam uma oportunidade crucial para pensarmos na integração de planejamentos estratégicos para a adaptação climática, que incluam práticas sustentáveis e soluções que protejam as populações e o meio ambiente.
A urgência de agir é evidente. À medida que os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes, adaptar-se já não é opcional, mas uma necessidade estratégica
A adaptação climática é uma prioridade urgente e inadiável. Eventos recentes, como as devastadoras enchentes no Sul do Brasil e as longas secas que afetam o Norte, revelam a vulnerabilidade de nossas regiões e a necessidade de uma ação rápida e decisiva para mitigar o risco de novos desastres. Essas situações não podem mais ser vistas como exceções, mas como exemplos claros das mudanças climáticas em curso, exigindo que a adaptação seja colocada no centro das políticas públicas e das estratégias de desenvolvimento.
Em um cenário de crescente imprevisibilidade climática, a ideia de cidades resilientes torna-se fundamental. A capacidade dos centros urbanos de se preparar, avaliar o risco, resistir e se recuperar de desastres ambientais deve ser vista como uma meta prioritária, não apenas para evitar tragédias, mas também para garantir o bem-estar contínuo da população. A ONU já incorporou essa visão em seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovendo a criação de cidades e assentamentos humanos que sejam inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Este é um chamado para que governos e instituições invistam em infraestrutura e políticas adaptativas que fortaleçam as comunidades diante das incertezas climáticas.
Adaptação, neste contexto, é mais do que uma resposta a crises; é um investimento preventivo e inteligente. Soluções práticas como a preservação de áreas verdes, a recuperação de ecossistemas degradados e a modernização dos sistemas de drenagem urbana são medidas essenciais para proteger cidades e regiões vulneráveis e diminuir o risco de novos desastres. A instalação de infraestruturas específicas, como bombas hidráulicas em áreas propensas a alagamentos, pode reduzir significativamente o impacto de enchentes, salvando vidas e propriedades.
A urgência de agir é evidente. À medida que os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes, adaptar-se já não é opcional, mas uma necessidade estratégica. Cada passo dado para fortalecer a resiliência das comunidades é um passo em direção à segurança e à prosperidade futura, garantindo que o desenvolvimento das regiões ocorra de forma sustentável e que as populações estejam preparadas para os desafios que o clima nos impõe.
Recentemente, o debate sobre esse tema deu um passo importante com o avanço do projeto de lei que estabelece diretrizes gerais para adaptar as políticas públicas brasileiras aos efeitos da mudança climática. Este marco legislativo representa uma oportunidade crucial para unificar esforços e acelerar os investimentos em infraestrutura, ao mesmo tempo em que traça um caminho claro para responder de forma mais eficiente aos desafios que já enfrentamos.
O mundo já mudou. Agora, o que está em jogo é a nossa capacidade de nos adaptar rapidamente e de implementar soluções práticas que protejam nossas populações, preservem os ecossistemas e garantam a resiliência da nossa economia de desastres. A responsabilidade de liderar essa transição não recai apenas sobre o governo; as empresas, como a nossa, têm um papel central nesse processo. Precisamos ser agentes ativos, adotando práticas sustentáveis em todas as fases da cadeia produtiva, promovendo o consumo consciente e investindo em infraestrutura que minimize os danos futuros.
Esse esforço coletivo deve ser compartilhado por todos os setores da sociedade – governo, empresas e sociedade civil. Quando agimos de forma integrada, somos capazes de gerar mudanças significativas e duradouras.
Leo Cesar Melo, formado na área de química industrial, com MBA em Gestão Empresarial, mestrado em Tratamento de Sedimentos de Dragagem e na área de Sustentabilidade, é CEO da Allonda.
Deixe sua opinião