
Ouça este conteúdo
As declarações da autoridade máxima do país, alegando que “traficantes são vítimas”, são tão impactantes quanto as notícias sobre os resultados da megaoperação de segurança realizada pelo governo do Rio de Janeiro nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha. Já antecipo minha resposta: não, traficantes não são vítimas.
Esse pensamento não é exclusivo do presidente, mas de todo o grupo político que ele representa. Resume, de forma cristalina, as profundas diferenças entre os modos de pensar e agir do governo federal e dos governos estaduais.
A polarização política tem prejudicado um debate que deveria ser eminentemente técnico. Infelizmente, o cidadão brasileiro assiste a duas disputas paralelas: a da segurança pública e a da visibilidade política
O governo federal tenta centralizar as ações de segurança, usurpando dos estados e do Poder Legislativo os papéis que a Constituição lhes atribui. Utiliza o gerenciamento dos recursos como instrumento de pressão, mas não cumpre o básico: cuidar, em primeiro lugar, das suas próprias responsabilidades constitucionais.
O Congresso, por sua vez, tem feito a sua parte. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2025, de minha autoria, busca assegurar autonomia aos estados em suas políticas de segurança, ao mesmo tempo em que investe em um sistema integrado, ágil e eficiente, com a cooperação da União.
Outros exemplos, como o Projeto de Lei 3.369/2025, de minha autoria, propõem que os recursos apreendidos das mãos do crime organizado sejam destinados, de forma acelerada, ao Fundo Nacional de Segurança Pública, para serem integralmente aplicados na proteção do cidadão. Não se trata de valores insignificantes: apenas no ano passado, mais de R$ 5 bilhões foram apreendidos em bens ligados a criminosos.
Posso citar ainda o PL 3.148/2025, que propõe dobrar a pena de reclusão para quem financia o crime organizado, e o PL 522/2025, que corrige uma brecha na Lei de Drogas que permitia a criminosos flagrados portando armas, mas sem comprovação de uso efetivo, reduzir o tempo de prisão.
VEJA TAMBÉM:
Percebam que, em apenas três parágrafos, mencionei projetos com resultados efetivos no combate ao crime organizado, todos de minha autoria. Assim como eu, diariamente, centenas de senadores e deputados têm se mobilizado para propor soluções reais para o enfrentamento da violência e do crime organizado. Nos estados, governadores e forças de segurança travam uma luta incessante, muitas vezes boicotada justamente por aqueles que deveriam oferecer maior apoio institucional, tecnológico, logístico e financeiro.
A polarização política tem prejudicado um debate que deveria ser eminentemente técnico. Infelizmente, o cidadão brasileiro assiste a duas disputas paralelas: a da segurança pública e a da visibilidade política. Ao contrário do que afirma o presidente, as verdadeiras vítimas somos todos nós.
Mecias de Jesus é senador por Roraima e Líder do Republicanos no Senado Federal.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos



