Passamos recentemente por mais um processo eleitoral e, felizmente, as instituições democráticas estão funcionando. Podemos ou não concordar com os cidadãos que foram eleitos, mas devemos aceitar os resultados das urnas e fazer o possível para melhorar as condições do país pelo voto e por outros meios como, por exemplo, trabalho voluntário, consciência e respeito ao próximo, respeito às regras e leis, exercício da honestidade e caridade, além de cobrar dos políticos comportamento ético e que colaborem para o desenvolvimento econômico e social do país.
Como todo novo governo, a esperança é que certos rumos sejam corrigidos e que o país possa retomar a trajetória de crescimento econômico sustentável, o que necessariamente passa pela melhora da qualidade do sistema educacional público, aperfeiçoamento das políticas de combate à pobreza e redução da desigualdade de renda, sobretudo via maior igualdade de oportunidades, além de preservação do meio ambiente.
Para atingir esses objetivos é preciso, em primeiro lugar, realizar reformas que ajudem a controlar gastos públicos e, portanto, abra espaço no orçamento público. Além de elevar a capacidade de investimentos públicos, reformas que controlem os gastos públicos criam maior estabilidade macroeconômica e, dessa forma, incentivam investimentos privados que ajudam no processo de crescimento econômico, criação de empregos e redução da pobreza.
O primeiro governo Lula experimentou grande êxito em termos econômicos e sociais em parte por ter prezado por uma política de responsabilidade fiscal via geração de superávits primários. No governo Dilma, os desajustes das contas públicas ajudam a entender a crise econômica que enfrentamos no período 2014-2016. Assim, o próprio governo do PT experimentou como o ajuste ou desajuste das contas públicas afetam o desempenho econômico. O momento é olhar para trás e persistir nas políticas econômicas que deram certo, aprendendo com aquelas que prejudicaram o país, como o controle de preços administrados, excesso de gastos públicos e a política de campeões nacionais. Tão importante é perceber que as condições atuais não permitem relevante ajuste fiscal via aumento de impostos devido à elevada carga tributária, o que pressionará o governo a abrir espaço nas contas públicas através de reformas como a tributária, administrativa e, talvez, até uma nova reforma previdenciária.
É preciso aproveitar a janela de oportunidades que decorre do capital político de início de mandato para realizar reformas econômicas necessárias, aprender com os erros de políticas econômicas adotadas anteriormente e com os escândalos de corrupção, onde a melhor sinalização para estes seria introduzir medidas que aumentem a transparência das ações do setor público, facilitem a fiscalização das transações públicas e a punição dos agentes envolvidos, além da elevação das penas dos crimes de corrupção.
Como brasileiro, desejo que nosso país dê certo e que todos os cidadãos se beneficiem de um maior crescimento econômico com redução da desigualdade de renda e pobreza. O PT e o presidente eleito têm mais uma chance para entrar para história do país como agentes cruciais no processo de desenvolvimento econômico e social. No entanto, isso somente ocorrerá com uma equipe econômica preparada e qualificada, políticas sociais que tirem as pessoas da pobreza e aumentam as chances de que fiquem fora dela, além de políticas que reduzam a corrupção e protejam as florestas do nosso país.
Luciano Nakabashi é doutor em economia e professor associado da FEARP/USP.
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