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A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), é a convidada do programa na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) – `DR com Demori.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann.| Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Na vida política, existem os fatos como eles são na realidade e existe a guerra da propaganda, atualmente referida muitas vezes como guerra de narrativas. No plano nacional e nas unidades da Federação – estados e munícipios –, a atividade política é exercida pelo conjunto de partidos em funcionamento, pelos políticos com mandatos outorgados pelo voto popular, e pelos burocratas instalados na máquina estatal. Esses são os agentes políticos que operam segundo certos meios de ação, a exemplo das instituições estatais e os recursos extraídos da população via tributos, tudo regulado pela Constituição Federal, as Constituições estaduais e os milhões de leis e normas governamentais que constituem o corpo de leis do país.

Embora os partidos formem uma sopa política de difícil conceituação, já que em termos de rigor científico é quase impossível definir a linha ideológica e as crenças dos partidos e seus integrantes sobre vida, economia e sociedade, costuma-se enquadrar os partidos em quatro grupos distintos: direita, centro-direita, centro-esquerda e esquerda. Observando a prática diária dos partidos políticos e de seus agentes eleitos para o Poder Executivo e o Poder Legislativo, nota-se uma espécie de bagunça ideológica, terreno fértil para a prevalência de interesses pessoais, favores, trocas espúrias e o desinteresse dos políticos por questões teóricas, linhas de pensamento e de valores morais.

O velho truque do “acuse-os do que você faz e xingue-os do que você é” tornou-se prática obsessiva e repetida diariamente por legendas de esquerda.

De qualquer forma, a sociedade entende a distinção entre o pensamento e a visão sobre a vida, o governo e a sociedade segundo as quatro estruturas. Porém, a guerra da propaganda se dá em alto grau de pobreza intelectual, com farto uso de insultos e tentativas de desqualificação de adversários e de tudo quanto não está de acordo com o pensamento do falante. Em especial, a esquerda e seus diversos partidos, no Brasil e no mundo, especializou-se em xingar os adversários de nomes e rótulos supostamente negativos que descrevem características mais semelhantes às da própria esquerda.

O velho truque do “acuse-os do que você faz e xingue-os do que você é” tornou-se prática obsessiva e repetida diariamente por legendas de esquerda, principalmente pela aplicação dos insultos “fascista”, “nazista” e “genocida” contra seus adversários e contra partidos que não são de esquerda. No caso do vocábulo “nazista”, ou os esquerdistas não têm a menor ideia do que realmente significa ou apenas o usam de forma intencional e desonesta contra seus desafetos políticos. Já o regime fascista tem como ingredientes um governo autoritário, que é dono de algumas dezenas de megaempresas estatais (de preferência em regime de monopólio), associado a algumas dezenas ou centenas de megaempresas privadas e alguns megabancos, como instrumento para controlar a política, o aparato estatal, a economia e as principais estruturas produtivas nacionais.

Prática igualmente comum da esquerda e, especialmente do PT, é acusar de “genocida” o governo anterior.

Embora seu funcionamento seja mais sofisticado que o desta breve definição, o fascismo mantém a aparência de uma economia de mercado ao deixar a cargo da sociedade privada os milhões de pequenos negócios, embora, no fim das contas, tudo esteja subordinado ao tacão político e regulatório do sistema estatal. Quando Lula interfere diretamente na Petrobras, tenta interferir no Banco Central, busca meios de colocar Guido Mantega na presidência da megaempresa privada Vale (a antiga estatal Vale do Rio Doce), coopta grandes bancos e se alia a grandes empreiteiras (muitas delas com histórico de corrupção comprovada), ele e seu governo estão agindo nos moldes da economia fascista.

Mas, para confundir a população, Lula e outros petistas – como a presidente do partido, Gleisi Hoffmann – afirmam que “fascistas” são os outros, como os empresários do agronegócio e a obsessão preferida do partido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na onda intervencionista e na tentativa de regular ao máximo a vida econômica, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anuncia políticas que interferem diretamente no funcionamento de aplicativos de transporte e entregas de refeições ou encomendas, práticas distantes do capitalismo de livre comércio e próximas da economia fascista.

Prática igualmente comum da esquerda e, especialmente do PT, é acusar de “genocida” o governo anterior; no início do governo Lula, quatro deputados federais do PT acusaram formalmente Bolsonaro e a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves de “genocídio” contra o povo yanomami – mortes, sem dúvida, lamentáveis e que devem ser prevenidas e combatidas por qualquer governo. Porém, passado o primeiro ano do atual governo, surge a informação de que 2023 terminou com a notificação de 363 mortes de indígenas da etnia – aumento de 20 mortes ou quase 6% na comparação com 2022. Pela lógica da esquerda, o atual governo não seria, então, um governo genocida?

É nesse cenário que o governo e seus aliados de esquerda, apoiados por parte do parlamento e por alas do Poder Judiciário, praticam atos antidemocráticos em nome de salvar a democracia, e empreendem ações de cores fascistas enquanto atiram esse rótulo sobre seus adversários. Pode ser que as narrativas e as atitudes do governo, seu partido e seus aliados esquerdistas enganem alguma parcela da população, mas é cada vez maior o número de pessoas que sabem serem os acusadores o maior perigo para a democracia, as liberdades políticas e a economia de mercado. Afinal, no ano passado, Lula declarou em alto e bom som: “Nós não ficamos ofendidos por sermos chamados de comunistas (...) Ser chamado de socialista ou comunista nos dá orgulho e, às vezes, a gente sabe que merecemos sermos chamados assim”. Ora, isso é uma confissão explícita de quem eles são e em que acreditam.

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