Se ainda restava alguma dúvida sobre a verdadeira meta do lulopetismo – que é permanecer no poder a qualquer custo –, ela foi dissipada durante a primeira reunião ministerial na Granja do Torto, realizada na última segunda-feira (20). Na parte inicial do encontro, a única divulgada na íntegra pelos canais de comunicação oficiais, Lula, mirando a disputa eleitoral de 2026, falou em corrigir erros, mas não estava se referindo aos rumos do governo.
Lula foi enfático ao afirmar que "2026 já começou" e que a principal missão de ministros e secretários, a partir de agora, é "não permitir, em hipótese alguma, que este país volte ao horror do nosso antecessor"; e, em outro momento, disse não querer “entregar este país de volta ao neofascismo, ao neonazismo, ao autoritarismo". Ou seja, para 2025, a única meta que importa é instrumentalizar o governo para conseguir vencer as eleições de 2026.
Como não há muito o que mostrar, o risco é Lula tentar vender miragens como obras, fabricando falsas realizações. O primeiro 'coelho' a ser tirado da cartola será a tentativa de baixar artificialmente os preços nos supermercados
Mirando 2026, Lula continua cego aos reais problemas de sua gestão – problemas que foram, em grande parte, causados por ele mesmo ou com sua aprovação. O presidente petista mergulha de vez na fantasia de que tudo vai às mil maravilhas, e que um mero alinhamento na propaganda institucional vai bastar para que o povo reconheça a superioridade do governo atual em relação ao de seu predecessor.
Prova disso foi o lugar de destaque do marqueteiro Sidônio Palmeira, novo titular da Secretaria de Comunicação Social, na reunião ministerial desta semana. Após um puxão de orelha nos ministros que falam demais – e antes do próprio Lula – na hora de anunciar programas e ações, Lula definiu que, a partir de agora, caberá a Sidônio organizar a comunicação das ações dos ministérios. As pastas também deverão listar suas principais realizações – tratadas como “marcas” – que serão amplamente divulgadas. A grande questão, no entanto, é saber o que há de positivo para ser divulgado e se a população ainda consegue acreditar no governo.
Além do número reduzido de propostas cumpridas – levantamento do jornal Folha de S. Paulo revela que o petista cumpriu apenas 28% das 103 promessas feitas durante a campanha eleitoral – o fato é que boa parte das iniciativas do governo tem se mostrado insuficiente, quando não totalmente equivocada, para enfrentar os problemas do país. Seja na saúde, na educação ou na economia, o que se vê é a inaptidão e a incapacidade do governo de implementar ações que de fato tragam melhoria de vida para a população, o que tem se refletido no aumento das avaliações negativas do governo e do próprio presidente.
Como não há muito o que mostrar, o risco é Lula tentar vender miragens como obras, fabricando falsas realizações. O primeiro "coelho" a ser tirado da cartola será a tentativa de baixar artificialmente os preços nos supermercados. O assunto foi tratado na reunião ministerial e, nesta quarta-feira (22), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou que o governo fará “intervenções que sinalizem para o barateamento dos alimentos”, conforme as palavras do ministro.
O alto custo dos alimentos é um problema real para os brasileiros – levantamento feito pelo Paraná Pesquisa, divulgado no último final de semana, mostra que 65,7% da população percebe aumento de preços nos supermercados –, mas não serão canetadas que vão resolver o problema.
Mas isso não importa ao lulopetismo, que nem é capaz de reconhecer que a gestão de Lula na economia, com sua política fiscal desastrosa, tem culpa na alta da inflação e dos preços. Na versão oficial do governo, já aperfeiçoada pelo marqueteiro Sidônio, os preços dos alimentos subiram porque o poder aquisitivo dos consumidores aumentou – um desrespeito com quem vê seu poder de compra diminuir cada vez mais.
Não se sabe ainda quais serão as medidas que o governo adotará para tentar baixar os preços – o anúncio oficial deve acontecer nas próximas semanas –, mas as “intervenções”, como diz Rui Costa, devem servir apenas para maquiar o real problema, com o risco eventual de servirem para desestruturar ainda mais a economia, e, claro, produzir campanhas publicitárias para promover Lula. O ano mal começou e o governo já mostra o que está por vir: mais dissimulação, miragens e propaganda – o vale tudo eleitoral a todo vapor.