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Lula pediu votos para Guilherme Boulos (Psol) no evento de 1º de maio
O presidente Lula pediu votos para Guilherme Boulos (PSOL) no evento de 1º de maio| Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil.

Entre as muitas falácias que permeiam os governos lulopetistas, uma das principais é a de que os trabalhadores, ou seja, a parte da população brasileira que depende de um emprego, ocupariam um lugar de destaque nas políticas públicas, orientando todo o projeto de governo de Lula e sua equipe. Mas um olhar rápido ao comportamento do governo deixa evidente que tal preocupação não existe, ou melhor, nunca existiu. Ao contrário, Lula e sua trupe não têm qualquer pudor em espezinhar os trabalhadores e colocá-los em risco em nome de seu projeto de manutenção de poder.

O desfile dos discursos alusivos ao Dia do Trabalho, comemorado nesta quarta-feira (1º), é uma amostra dessa falta de compromisso. O primeiro deles foi o pronunciamento do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, feito em cadeia nacional, na véspera do Dia do Trabalhador. Como era de se esperar, Marinho incensou o governo de Lula, listando uma série de benefícios que o governo supostamente teria proporcionado aos trabalhadores, entre eles o aumento de vagas de emprego e no rendimento médio dos trabalhadores – efeito muito mais da resiliência do setor produtivo do que de qualquer ação do governo Lula. Marinho ainda citou como conquistas medidas – essas sim de iniciativa do lulopetismo – que, ao contrário do que disse o ministro, podem travar contratações e até levar ao fechamento de vagas.

A verdade é que para Lula e sua claque, os trabalhadores e trabalhadoras não importam. No máximo, são uma massa de eleitores em potencial, procurados de tempos em tempos para pedir votos.

Uma delas é a "lei de igualdade salarial" entre homens e mulheres, proposta pelo governo petista e aprovada pelo Congresso Nacional, cujas implicações ampliam gastos com burocracia, e expõem empresas idôneas a riscos jurídicos e danos à reputação, e podem levar as empresas a pensar duas vezes antes de contratar mulheres. Outra “conquista” citada por Marinho seria a regulamentação dos motoristas de aplicativos, que o governo pretende fazer através de um projeto de lei já encaminhado ao Congresso. Os próprios motoristas reclamam que temem que o projeto engesse ou inviabilize o setor. No restante do pronunciamento, o que se viu foi um amontoado de promessas vazias, e até tentativas de justificar as viagens de Lula ao exterior – só em 2023, foram 15 viagens internacionais que só de gastos com cartões corporativos da Presidência chegaram a R$ 9,6 milhões.

Já o evento principal alusivo ao Dia do Trabalho, o Ato Unificado pelo Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, organizado pelas centrais sindicais na Neo Química Arena, o estádio do Corinthians, além de totalmente esvaziado – o próprio Lula reclamou do pouco público –, foi claramente um ato eleitoral, onde Lula pediu abertamente votos ao seu candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, o que, aliás, configura infração eleitoral. No mais, foi feito o anúncio de aumento da faixa de isenção do IR a partir de 2025 para quem recebe até R$ 2.824, notícia velha, levando-se em conta que a medida foi aprovada pelo Congresso há duas semanas, muitos afagos aos ministros e a si próprio e ataques ao setor produtivo, o que já se tornou praxe quando Lula vai para o meio dos sindicatos.

Nem uma palavra sobre as graves greves no setor público que afetam todo o país e mostram o grau de insatisfação de um núcleo que historicamente sempre apoiou Lula, como o dos professores das instituições federais de ensino – hoje são pelo menos 39 paradas. Lula conseguiu a façanha de encerrar o primeiro ano de seu terceiro mandato com mais greves do que seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostraram um aumento de 12% nas greves realizadas por servidores públicos no comparativo de 2023 e 2019 — foram 629 paralisações e greves no primeiro ano do terceiro mandato de Lula, contra 566 no primeiro ano de Bolsonaro. Para um presidente que se diz tão próximo dos trabalhadores, são números alarmantes.

Mas o pior é a insistência de Lula em criminalizar o setor produtivo. Falando sobre a tentativa do governo em atropelar o Congresso em relação à desoneração fiscal dos setores que mais geram empregos no país, apelando para o Supremo Tribunal Federal, o presidente petista fez questão de dizer que “não haverá desoneração para favorecer os mais ricos, e sim para favorecer aqueles que trabalham e que vivem de salário”. Ora, a desoneração fiscal de alguns setores da economia tem justamente o propósito de dar melhores condições para que as empresas de setores conhecidos por gerarem o maior número de vagas de emprego, possam continuar a empregar cada vez mais, gerando emprego e renda para os trabalhadores. Agora, com o golpe de Lula contra o Congresso, e a suspensão da lei que garantia a desoneração, o presidente petista faz uma mudança abrupta que afeta uma política pública amplamente debatida e esperada pelo setor produtivo, gerando um clima de incerteza e falta de segurança jurídica. A partir deste mês de maio, as empresas já terão de pagar mais tributação sobre a folha de pagamento. Como todo o planejamento fiscal das empresas já foi feito, para poderem honrar seus compromissos, muitas vão, sim, ter de apelar para demissões para conseguirem manter as finanças em ordem.

Mas na lógica rancorosa de Lula e sua claque sindical, não pode haver qualquer medida que diminua a carga tributária do setor produtivo. Quanto mais taxação, impostos, burocracia e entraves para as empresas, melhor para o governo lulopetista – até porque o grande objetivo do governo tem sido até agora gastar e gastar cada vez mais. Não à toa, as contas do governo federal fecharam 2023 com resultado negativo de R$ 230,5 bilhões, o equivalente a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB), o segundo maior rombo fiscal já registrado no país – só perdeu para 2020, ano em que as despesas públicas dispararam com o combate à pandemia de Covid-19 e o déficit chegou a R$ 939 bilhões. Gastança sem freio exige mordidas de impostos cada vez maiores, mesmo que levem à sobrecarga do setor produtivo e ocasionem uma onda de demissões em massa, mas essa nunca foi uma preocupação de Lula. A verdade é que para Lula e sua claque, os trabalhadores e trabalhadoras não importam. No máximo, são uma massa de eleitores em potencial, procurados de tempos em tempos para pedir votos.

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